Segunda-feira, 30 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 24 de agosto de 2021
Acusado por uma funcionária de assédio sexual e moral, o presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Rogério Caboclo, teve sua pena definida pela Comissão de Ética da entidade. Ao todo, ele ficará afastado do cargo por 15 meses. A decisão ainda precisa ser alvo de deliberação da assembleia geral da CBF, composta pelas 27 federações estaduais.
A decisão acabou se mostrando branda por dois motivos. Primeiro porque, com este tempo de afastamento, Caboclo poderá retomar seu mandato, que vence apenas em abril de 2023. Como ele está afastado desde 6 de junho, a pena vai até setembro de 2022.
Além disso, a acusação inicial foi retirada da denúncia. Ao invés de assédio sexual e moral, Caboclo foi punido por “conduta inapropriada”. Vale lembrar que gravações mostraram que o dirigente fazia perguntas à funcionária como “Você se masturba?” além de oferecer biscoito de cachorro para ela.
“Recebo com tranquilidade a decisão da Comissão de Ética do Futebol. A rejeição da acusação de assédio é correta e era esperada, uma vez que nunca cometi esse ato e minha defesa comprovou minha inocência. Essa decisão mostra o quão ilegal e açodada foi a decisão da mesma comissão de me afastar do cargo antes de abrir espaço para que eu me defendesse”, comemorou Caboclo por meio de nota.
O dirigente, contudo, não terá tempo hábil para se reeleger. Isso porque a nova eleição da CBF está prevista para ocorrer em abril. Ou seja: cinco meses antes do fim de sua pena. Até lá, quem segue à frente da entidade é o Coronel Nunes, já que não houve um afastamento definitivo de Caboclo (o que obrigaria a realização de uma nova votação imediata entre os vice-presidentes que compuseram a chapa com ele). O presidente afastado prometeu recorrer desta punição.
“O afastamento por mais 12 meses, por sua vez, é injusto e ilegal. Trata-se de mais um capítulo da armação do ex-presidente Marco Polo Del Nero, banido do futebol por corrupção, para me tirar da CBF e reassumir o controle da entidade por meio de seus aliados. Minha defesa recorrerá nas instâncias adequadas contra essa punição”, conclui a nota do dirigente.
Entenda o caso
Rogério Caboclo está afastado da presidência da CBF desde o dia 6 de junho. Ele é acusado de ter praticado assédio moral e sexual contra uma funcionária, que era sua secretária. Ela contou que o presidente afastado a constrangeu, com perguntas de cunho sexual, entre as quais se ela tinha o hábito de se masturbar.
Ele também teria tentado obrigá-la a comer um biscoito para cães, chamando-a de “cadela”. Sob efeito de álcool, ele ainda teria constrangido a secretária na frente de diretores da entidade, criando histórias de relacionamentos entre ela e outros funcionários da CBF.
Em julho, uma segunda mulher, ex-funcionária da CBF, afirmou em depoimento ao Ministério Público do Rio de Janeiro que também foi vítima de assédio moral e sexual praticado por Rogério Caboclo, enquanto ele era presidente da entidade. O blog de Ancelmo Gois já havia informado que uma das funcionárias que acusa Caboclo de assédio revelou que foi agredida fisicamente por ele.