São graves demais para serem ignoradas as acusações do tenente-coronel Mauro Cid contra a Polícia Federal, que segundo ele apenas se interessa em confirmar suas narrativas, e ao próprio ministro Alexandre de Moraes. Mas serão ignoradas, como têm sido acusações muito semelhantes da oposição sobre métodos dessas autoridades. O Senado tem a prerrogativa de investigar, mas seu presidente, Rodrigo Pacheco, aliado de Lula, está muito confortável no “temor reverencial” ao Supremo.
Delação questionada
As denúncias de Cid, a rigor, anulam suas declarações sob acordo de delação premiada, até por insinuar que teriam sido “distorcidas”.
Fora do script
O advogado de Cid alega que suas falas foram um “desabafo”, mas, como o próprio militar disse, não são o que PF e Moraes queriam ouvir.
Desafio da credibilidade
A PF tem corregedoria com reputação de seriedade, mas enfrentará o enorme desafio da credibilidade: será polícia investigando polícia.
Confirmou, prendeu
O militar foi intimado a depor, nesta sexta, para confirmar que falou tudo aquilo mesmo. Confirmou e foi preso por violação de medidas cautelares.
Surto de doenças no Brasil liga o alerta nos EUA
O descontrole do governo Lula sobre a dengue, provocou a inclusão do Brasil na lista do Centro de Controle de Doenças (CDC, em inglês) dos EUA de alertas a turistas americanos, no mês passado. O órgão de saúde recomenda “precauções” a quem visitar cidades brasileiras, e também esforço para “evitar picadas de insetos” especialmente na região do Amazonas e Acre por conta de outro surto, o da febre oropouche.
Recorde negativo
Nas 11 primeiras semanas do ano (até o dia 16 de março), o Brasil superou 2 milhões de casos de dengue e se aproxima das 700 mortes.
Liderança vexatória
Em 2023, segundo a Organização Panamericana de Saúde (Opas), foram 4,2 milhões de casos em todo o continente, 70% só no Brasil.
Desproporção
O último aviso do governo americano sobre a dengue no Brasil foi em 2019, quando 1,4 milhão de casos foram identificados até setembro.
Eis a questão
A pergunta bomba nas redes sociais: “Robinho pode ser condenado no Brasil por um crime que cometeu na Itália, mas Lula não pode ser condenado em Curitiba por um crime que cometeu em Brasília?”
Votação esta semana
Após o vazamento das falas devastadoras de Mauro Cid, o deputado Gilvan da Federal (PL-ES) pediu à Comissão de Segurança oitiva do superintende da PF no DF para explicar o “vício de manipulação”.
Lei do cão
Indagado sobre as ações da oposição após o vazamento dos áudios de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o deputado José Medeiros (PL-MT) respondeu à coluna: “quem reagir, vai preso”.
Torcida por Kate
A princesa Kate Middleton é tão amada pelos brasileiros que, ao anunciar que está com câncer, assumiu prontamente a liderança dos temas mais comentados no X, ex-Twitter. Bem mais que os áudios de Mauro Cid.
O Amigo da Onça
Se os áudios de Mauro Cid contra a PF e Alexandre de Moraes foram gravados por um “amigo”, os mais antigos têm razão de acreditar na reencarnação: é a volta do “Amigo da Onça”, genial criação do cartunista Péricles na antiga revista O Cruzeiro. Em carne e osso.
Zumbi circense
Após 3 anos e sem entregas a fazer, lulistas tentam ressuscitar a CPI da Covid, picadeiro que ficou em cartaz por mais de seis meses, durante a pandemia, e cujas conclusões, uma a uma, acabaram na cesta do lixo.
Celebração à brasileira
O Senado realizou cerimônia para anunciar selo comemorativo do seu bicentenário. Apesar de instituído pela Constituição em 1824, o Senado só passou a funcionar em 1826.
Útil ao agradável
Na manhã da quinta (21), o deputado Éder Mauro (PL-PA) atravessou o corredor das comissões da Câmara, não encontrou ninguém e anunciou: “Não tem mais comissão nessa Câmara? Então eu vou embora!”.
Pensando bem…
…o assunto da semana foi a princesa, por mais que o “Rei do Brasil” tente ocupar o noticiário.
PODER SEM PUDOR
Longe é melhor
Jânio Quadros só foi derrotado no Maranhão, na disputa presidencial de 1960, contra Henrique Teixeira Lott, graças ao apoio que o pesadíssimo marechal recebeu do cacique Vitorino Freire. Um pouco antes da eleição, um repórter perguntou a Vitorino: “Há perigo de o Jânio ganhar no Maranhão?” Ele não precisou pensar muito para responder, convicto: “Perigo existe. Basta que o Lott volte duas vezes ao Maranhão.” Não voltou e venceu.
(Com Rodrigo Vilela e Tiago Vasconcelos)