O general Braga Netto, preso desde o último sábado (14) no Rio de Janeiro, sob a acusação de tentar obstruir as investigações sobre a tentativa de golpe de Estado, mudou de advogado apenas quatro dias após ter sido levado para a Vila Militar, no Rio de Janeiro.
Sua família destituiu o advogado Luis Prata, que o defendia desde que ele foi indiciado pela PF, em novembro. E acaba de contratar José Luís Oliveira Lima, um dos criminalistas mais respeitados do Brasil.
Oliveira Lima foi advogado de defesa, por exemplo, de José Dirceu no mensalão e de Leo Pinheiro, ex-presidente da OAS.
Em seu site oficial, o advogado destaca os mais de trinta anos de experiência e a eleição, por duas vezes, entre os cem brasileiros mais influentes pela revista Época. Também foi escolhido como um dos quinze advogados mais importantes do Brasil.
Em artigo intitulado E se fosse na Rocinha, no Complexo do Alemão ou em Paraisópolis?, publicado em 25 de outubro de 2022 no jornal Folha de S. Paulo e assinado também pelos advogados Roberto Dias da Silva e Rodrigo Dall’Acqua, criticou Bolsonaro pela atuação no episódio em que o ex-deputado Roberto Jefferson atirou contra agentes policiais.
“A interferência do presidente da República é chocante. Determinar que o ministro da Justiça compareça para interferir no cumprimento da prisão desse criminoso é assustador. Em qualquer país civilizado, o presidente da República e o seu ministro seriam cobrados pela sociedade para esclarecer esse comportamento. Mas infelizmente parece que nada acontece por aqui”, dizia o texto.
Em outro artigo, que assinou sozinho e também foi publicado na Folha, criticou o “populismo rasteiro” de Bolsonaro. O texto foi ao ar em 31 de julho de 2019, dias depois de o ex-capitão agredir o advogado Felipe Santa Cruz, filho de uma vítima da ditadura e então presidente da Ordem dos Advogados do Brasil. “Se o presidente da OAB quiser saber como o pai dele desapareceu no período militar, eu conto pra ele”, disse Bolsonaro.
“Bolsonaro parece gostar de advogado apenas quando ele e seus familiares precisam deles”, escreveu Lima no artigo. “Contratou um dos mais respeitados criminalistas deste País, Antônio Sergio Pitombo, para defendê-lo perante o STF. É de se lembrar também o episódio em que o defensor de seu filho obteve importante vitória no mesmo tribunal.”