Até pouco tempo atrás, quando as pessoas iam para o trabalho, era preciso escolher entre ônibus, metrô, carro particular ou táxi como meio de transporte. Depois, chegaram os aplicativos de carona paga, como o Uber. Nos próximos meses, os brasileiros devem ter acesso a mais uma alternativa: os aplicativos de carona compartilhada. Eles querem promover encontros entre motoristas e pedestres que vão para um mesmo lugar, para que eles possam “rachar” os gastos com o transporte.
Ao contrário do Uber, do Cabify e do 99POP, os aplicativos de carona compartilhada não querem atrair motoristas em busca de lucro. Nessa modalidade, o motorista usa o aplicativo para traçar sua rota para o trabalho. Em seguida, um algoritmo identifica potenciais passageiros que vão para o mesmo lugar. Se houver combinação, a carona é efetivada e o aplicativo calcula o preço da viagem, baseado em gastos com combustível e manutenção, além de uma fatia que fica com o serviço.
“A carona colaborativa, ao contrário do Uber, é um complemento ao transporte urbano”, explica o professor de administração da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Durval dos Santos. “Nesse tipo de transporte, não existe profissionalização.”
Mercado
Duas grandes empresas estão de olho em intermediar as caronas compartilhadas em grandes cidades, como São Paulo. Ambos com origem em Israel e muito populares, o aplicativo de navegação em mapas Waze – de propriedade do Google – e o serviço de rotas de transporte público Moovit vão lançar seus serviços no Brasil até o final de 2017.
A principal empresa do segmento no País é a francesa BlaBlaCar, que foca em caronas entre cidades. Há um ano e meio no Brasil, ela já intermediou mais de 1 milhão de caronas. Há também a brasileira Bynd, que combina caronas entre pessoas que trabalham na mesma empresa. Ela tem 20 mil usuários de grandes empresas, como Mercado Livre e Avon.
O Moovit, que indica rotas de transporte público e tem mais de 60 milhões de usuários no mundo, confirmou os testes do Moovit Carpool em julho do ano passado.
O Waze Carpool vai funcionar da mesma forma – a diferença é que o serviço agora terá um app para passageiros. A empresa afirma que São Paulo será a primeira cidade brasileira a receber o serviço neste ano.
Desafios
Apesar do ânimo das empresas, vários desafios ainda precisam ser superados para a carona compartilhada emplacar no Brasil. Apesar de o brasileiro já ter o costume de combinar caronas de maneira informal, há quem resista em compartilhar o carro.“O mais difícil é convencer a pessoa a dar a primeira carona”, explica o presidente-executivo da Bynd, Gustavo Gracitelli.
Além disso, é preciso ter um grande número de motoristas percorrendo a cidade. Caso contrário, o passageiro corre o risco de ficar na mão. A BlaBlaCar, por exemplo, tem 25 mil rotas cadastradas no Brasil. Parece muito, mas não é. “A França, que tem o tamanho da Bahia, já tem 100 mil rotas traçadas”, conta o diretor-geral da BlaBlaCar para o Brasil, Ricardo Leite. (AE)