Quinta-feira, 24 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 11 de julho de 2023
Durante sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro, a deputada federal Silvia Waiãpi (PL-AP) prestou continência ao tenente-coronel Mauro Cid. O ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi ouvido nessa terça-feira (11) pela comissão na condição de testemunha.
Após a repercussão da cena, a assessoria da deputada, que é militar da reserva do Exército, indígena e bolsonarista, divulgou a justificativa da parlamentar:
“Respeito à autoridade ali representada, ao militar fardado; eu como 1° tenente e oficial da reserva, prestei minha reverência e respeito ao tenente-coronel ali presente, tendo em vista que iria me retirar para participar de outra CPI”, afirmou.
“Continência é a saudação militar. Ela é o sinal de respeito dado pelo militar individualmente a seus superiores, iguais ou subordinados – às autoridades, à bandeira ou ao Hino Nacional”, complementou Silvia.
Mauro Cid discursou durante 8 minutos no início da sessão. Logo depois, a deputada se posicionou em frente à mesa diretora e prestou a continência, sem dizer nada. O gesto foi respondido por um aceno de cabeça do tenente-coronel.
Waiãpi integra a base bolsonarista da Câmara. Antes de ser deputada federal, foi a primeira indígena a integrar as Forças Armadas, chegando a patente de segunda-tenente. Ela também foi secretária nacional da Saúde Indígena, e participou do governo de transição do ex-presidente Bolsonaro.
Depoimento
Amparado por um habeas corpus, o tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, decidiu não responder aos questionamentos dos membros da CPMI. Por mais de oito horas de inquirições e trajando a farda do Exército, o militar repetiu diversas vezes, na reunião dessa terça, que recorreria ao direito de permanecer em silêncio já que é alvo de oito investigações por parte do Poder Judiciário, principalmente pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
No entanto, afirmou que não tinha nenhuma ingerência em demandas encaminhadas a ele pelo presidente e seu entorno, declarando que, no trabalho de ajudante de ordens, não tinha qualquer poder de decisão. Mauro Cid se calou sobre supostas conexões com participantes dos ataques ou com os financiadores dos atos extremistas.
Ele está preso desde o dia 3 de maio, acusado de fraudar cartões de vacinação. Entre os inquéritos a que responde, estão os que se referem à possível participação na articulação golpista e na invasão das sedes dos Poderes da República, em Brasília.
Mauro Cid usou seu tempo para falar sobre a sua trajetória nas Forças Armadas. E disse que, durante os quatro anos em que exerceu o posto de ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, apenas cumpria atividades de assessoramento e secretariado executivo, sem qualquer ingerência em decisões.
“Não estava na minha esfera de atribuições analisar propostas, projetos ou demandas trazidas pelos ministros de Estado, autoridades, e demais apoiadores. Ou seja, não participávamos das atividades relativas a gestão pública”, disse.