A deputada estadual do Rio de Janeiro, Índia Armelau (PL) afirmou, nesta quinta-feira (03), durante reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de Combate à Violência Cibernética contra as Mulheres, que as mulheres que postam fotos de biquíni nas redes sociais devem esperar comentários e possíveis ataques. Segundo a parlamentar bolsonarista, ao se expor as mulheres estariam buscando elogios.
“Quanto mais a mulher se expõe, vai na rede social, coloca uma foto de biquíni dançando, ela quer o que? Ela tá se expondo, ela quer elogio, quer alguém falando alguma coisa. A rede social foi feita para se expor, eu me exponho, eu faço vídeo de política. Meus três ataques vieram de mulheres, isso é triste. Esses casos vêm aumentando e isso é muito triste. Se a mulher quer se expor, ela tem que saber que tem consequência. Se o homem se expor, ele tem que saber que tem consequência”, disse a parlamentar que está em seu primeiro mandato.
Os comentários de Armelau vieram na esteira de uma longa exposição da delegada Bárbara Lomba, titular da Delegacia de Atendimento à Mulher de São João de Meriti (RJ), convidada a apresentar dados na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ).
A delegada mostrou gráficos e estatísticas, e havia associado a violência virtual contra as mulheres ao patriarcado. A deputada discordou e argumentou, durante alguns minutos, para sustentar que as mulheres são as que mais atacam as próprias mulheres, e não os homens.
O número de casos de crimes virtuais contra mulheres registrados nas Delegacias de Atendimento à Mulher (Deam) do Rio de Janeiro no primeiro semestre deste ano aumentaram em comparação ao mesmo período do ano passado. De janeiro a julho de 2023 foram registradas 704 ocorrências, enquanto em 2022 o número chegou a 547.7.
“Nasci século passado, mas vivemos ainda em um sistema patriarcal. São frases bonitas de sociedade patriarcal. O que a dra. Barbara Lomba falou e eu concordo. Talvez 75 por cento dos crimes são cometidos pelos ex-companheiros. Homem se considera dono do corpo, da alma e da divindade da mulher e com isso, acha que podem tudo e não podem”, completou o deputado Luiz Paulo, único deputado homem que integra a comissão.
A divulgação de vídeo e foto de cena de sexo ou nudez ou pornografia sem o consentimento da vítima, bem como a divulgação de cenas de estupro, são condutas qualificadas como delitos cibernéticos na legislação brasileira vigente.
As denúncias desses e outros crimes contra os direitos humanos podem ser feitos pelo Disque 100.