Sexta-feira, 21 de março de 2025
Por Redação O Sul | 20 de março de 2025
Nove deputadas federais, de diferentes partidos, entraram com uma representação no Conselho de Ética do Senado contra o senador Plínio Valério (PSDB-AM) por uma declaração ofensiva à ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva. O deputado Túlio Gadêlha (Rede-AP), único deputado do partido da ministra, também assina o documento.
O senador disse que não se arrepende de ter dito, na sexta-feira passada (14), em um evento, que sentia vontade de “enforcar” Marina depois de ouvi-la por mais de seis horas na CPI das ONGs, qual ele foi presidente.
“A fala não apenas minimiza e desqualifica a presença da ministra Marina Silva no cenário político, como também reforça um discurso de incitação à violência contra a mulher, um crime tipificado na legislação brasileira, diz um trecho da representação, que cita a possibilidade de cassação de mandato por quebra de decoro parlamentar”, diz um trecho da representação, que cita a possibilidade de cassação do mandato por quebra de decoro parlamentar.
— Assinam a representação:
* Benedita da Silva (PT-RJ)
* Duda Salabert (PDT-MG)
* Enfermeira Ana Paula (Podemos-CE)
* Gisela Simona (União Brasil-MT)
* Jandira Feghali (PCdoB-RJ)
* Laura Carneiro (PSD-RJ)
* Maria Arraes (Solidariedade-PE)
* Tabata Amaral (PSB-SP)
* Talíria Petroni (Psol-RJ)
* Túlio Gadêlha (Rede-PE)
“Reunimos um grupo diverso e sem pensar em ideologias políticas, mas sim na defesa das mulheres e no combate à essa misoginia. A Câmara não pode e não vai se calar diante desse ataque”, frisou o deputado Túlio Gadêlha.
Em entrevista ao programa Bom Dia, Ministra, da EBC, Marina repudiou as declarações de Plínio Valério. “Dificilmente isso seria dito se o debate fosse com um homem. É dito porque é com uma mulher preta, de origem humilde e uma mulher que tem uma agenda que em muitos momentos confronta os interesses de alguns”, ressaltou.
Violência de gênero
Procuradora da Mulher no Senado, a senadora Zenaide Maia (PSD-RN) condenou os ataques feitos pelo colega contra a ministra do Meio Ambiente e cobrou um pedido público de desculpas de Plínio Valério.
“Se o senador agrediu uma ministra, agrediu também a todas nós, parlamentares, e a todas as brasileiras. Todas nós somos Maria”, escreveu a senadora em nota divulgada à imprensa na noite de quarta-feira (19).
O senador amazonense também foi repreendido publicamente pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre. Plínio Valério disse que não repetiria a declaração, mas que não via motivo para pedir desculpas à ministra.
O tucano possui um longo histórico de rivalidade tanto com a ministra quanto com outras lideranças da equipe ambiental do governo. Em 2023, ele presidiu a CPI das ONGs, criada para investigar a atuação das organizações ativas na Amazônia. Em palestra para o Instituto Fecomércio do Amazonas na última sexta, relatou o depoimento da ministra. “A Marina teve, na CPI das ONGs, seis horas e dez minutos. Imaginem o que é tolerar a Marina, seis horas e dez minutos, sem enforcá-la”, declarou. (As informações são do Congresso em Foco)