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Deputado gaúcho Marcel van Hattem pede que Tribunal de Contas da União investigue possível fraude em leilão de arroz

No total, foram adquiridas 263.370 mil toneladas para abastecer os estoques públicos e serão destinados pouco mais de R$ 1,3 bilhão. (Foto: Divulgação/Câmara dos Deputados)

O deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) acionou o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para apurar possíveis irregularidades no leilão realizado pelo governo federal, na última quinta-feira (6), para a compra de 300 mil toneladas de arroz importado.

Nas petições entregues nessa sexta (7), van Hattem alega haver indícios de fraude para restringir a competitividade do certame. O congressista disse se tratar de “um esquema que envolve muito dinheiro com empresas que nunca tiveram capacidade para importar o cereal”.

O leilão foi arrematado por quatro empresas. A principal vencedora foi a Wisley A. de Souza Ltda (Queijo Minas), estabelecimento que vende queijos na região central de Macapá (AP). Ela importará 147,3 toneladas de arroz em troca de R$ 736,3 milhões do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“O leilão é um escândalo. Ninguém está precisando de arroz no Rio Grande do Sul”, afirmou o deputado. Ele disse à reportagem que se reunirá, na segunda-feira (10), com o presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), Fernando Quadros, para tentar anular o resultado do leilão.

O magistrado autorizou o leilão depois de revogar a liminar da 4ª Vara Federal de Porto Alegre, que havia suspendido o leilão. No seu despacho, Quadros decidiu que a suspensão da licitação causaria “grave lesão à ordem público-administrativa”.

Apesar disso, van Hattem declarou que pretende convencer o juiz federal a reconsiderar a decisão. “Vamos pedir para reconsiderar a suspensão do próximo leilão previsto para 13 de junho e anular o resultado do certamente de ontem”.

O deputado Pedro Lupion (PP-PR), presidente da Frente Parlamentar Agropecuária, disse ser “preciso averiguar para ver o que tem de seriedade ou se tem alguém ganhando alguma coisa com isso”.

Além da Queijo Minas, também participaram do leilão as empresas ARS, Icefruit e Zafira:

Saiba mais

O governo federal, por meio da Conab, realizou o primeiro leilão para a compra de arroz beneficiado importado, em formato eletrônico, na modalidade “viva-voz”. No total, foram adquiridas 263.370 mil toneladas para abastecer os estoques públicos e serão destinados pouco mais de R$ 1,3 bilhão. O volume representa mais de 87% do previsto no pregão.

A iniciativa tem foco no enfrentamento das consequências sociais e econômicas decorrentes de eventos climáticos extremos no estado do Rio Grande do Sul, responsável por cerca de 68% do arroz produzido no Brasil. O objetivo é regular o abastecimento do produto e a estabilidade nos preços.

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, reforçou que a importação do produto visa evitar alta dos preços nas gôndolas dos supermercados e que o arroz importado não irá concorrer com os agricultores brasileiros. “A compra é para evitar qualquer especulação no preço do arroz, diante das dificuldades enfrentadas pelos produtores gaúchos. Esta é primeira etapa, estamos fazendo com cautela para garantir a estabilidade nos preços em todo o país, sem prejudicar qualquer produtor”, destacou Fávaro.

“Avaliamos que foi um sucesso esse primeiro leilão. O governo nos autorizou a adquirir até 1 milhão de toneladas de arroz, mas não vamos comprar de uma vez só, será escalonado conforme a necessidade”, reforçou o presidente da Conab, Edegar Pretto, que ainda informou que será aberta uma reoferta para poder comprar as 36 mil toneladas que ficaram restando.

O arroz adquirido pela Conab será destinado, preferencialmente, à venda para pequenos varejistas em regiões metropolitanas, levando em conta indicadores de insegurança alimentar. Os compradores deverão vender o arroz exclusivamente para o consumidor final, com preço máximo de R$ 4 o quilo.

O produto leiloado nesta quinta-feira será entregue em três etapas, sendo que o prazo mínimo para o fornecimento do arroz é de 90 dias e o máximo de 150 dias.

Segundo dados da Conab, a aquisição do grão foi feita por meio de empresas brasileiras responsáveis pela importação e que, portanto, a origem do produto só será conhecida após a apresentação do Documento de Importação. A expectativa é que essa informação esteja disponível em até 15 dias. As informações são do Poder 360 e do Ministério da Agricultura e Pecuária.

 

 

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