Domingo, 22 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 10 de dezembro de 2018
O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) apresentou nesta segunda-feira (10) uma representação à PGR (Procuradoria-Geral da República) pedindo que o órgão investigue se houve vazamento de informações sobre a Operação Furna da Onça para a família do presidente eleito, Jair Bolsonaro. A informação é da colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo.
No âmbito das investigações, o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) enviou ao MPF (Ministério Público Federal) um relatório que mostrava que Fabrício de Queiroz, ex-funcionário de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), fez movimentações atípicas de R$ 1,2 milhão e depositou R$ 24 mil para a mulher de Bolsonaro, Michelle.
Pimenta afirma que há indícios de que a família Bolsonaro soube antes que as investigações resvalariam em seus assessores. E tomou providências para tentar se blindar.
Exonerações
No dia 15 de outubro, Fabrício de Queiroz pediu exoneração do gabinete de Flávio Bolsonaro, que é deputado estadual. No mesmo dia, a filha dele, Nathália, pediu exoneração do gabinete de Jair Bolsonaro, que era candidato a presidente e também exercia o mandato de deputado federal.
Colegas de Flávio Bolsonaro
Um dia depois, diz Pimenta, o MPF (Ministério Público Federal) pediu autorização para deflagrar a Operação Furna da Onça, para prender sete deputados estaduais que são colegas de Flávio Bolsonaro e também assessores desses parlamentares. Eles são acusados de receber um “mensalinho” do governo de Sérgio Cabral para votar a favor de projetos da administração.
O juiz Marcelo Bretas, do Rio, autorizou a ação no dia 25. Por causa do período eleitoral, que proíbe prisões, ela foi realizada no dia 8 de novembro.
“Há indícios claríssimos de que houve vazamento de informação privilegiada e que depois disso os funcionários se exoneraram numa tentativa de poupar a família”, diz Pimenta. “Fizeram isso para constar nos registros como ex-assessores”, afirma.
Vazamento de informações para outros parlamentares
O Ministério Público Federal também apura um eventual vazamento de informações para outros parlamentares que viraram alvo da Operação Furna. Anotações apreendidas na casa de investigados indicariam que eles já sabiam que poderiam sofrer algum tipo de ação da polícia.
O senador Flávio Bolsonaro não atendeu o telefone nem respondeu às mensagens enviadas a ele pelo WhatsApp.
Lavagem de dinheiro
A movimentação de R$ 1,2 milhão pelo ex-policial Fabrício Queiroz, ex-assessor do deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), por meio de pequenos valores, considerada suspeita pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) é o método mais popular de lavagem de dinheiro, mas não é automaticamente um crime.
Conhecido como fracionamento ou estruturação, só se torna crime de lavagem se os recursos tiveram origem ilícita. Se a sua mãe depositar R$ 9.000 todo mês na sua conta, com recursos que têm origem numa herança, não é crime. Se o dinheiro for desviado de uma obra pública, é crime.
O método do fracionamento consiste em movimentar valores abaixo daqueles que são monitorados pelos bancos (R$ 10 mil por mês, no caso brasileiro) para evitar que as autoridades levantem suspeitas sobre a transação.
É o método mais comum de lavagem de dinheiro no mundo, segundo o Gafi (Grupo de Ação Financeira contra a Lavagem de Dinheiro e o Financiamento do Terrorismo), um órgão internacional do qual o Brasil faz parte.