Quarta-feira, 02 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 31 de março de 2025
O deputado distrital Fábio Felix (PSOL) pediu nessa segunda-feira (31), que o Ministério Público de Contas do Distrito Federal investigue a compra de uma fatia relevante do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB), em um negócio estimado em R$ 2 bilhões. O BRB é controlado pelo governo do Distrito Federal. O parlamentar apontou riscos de prejuízos ao patrimônio público. A transação chamou a atenção do mercado pelo rápido crescimento do Master nos últimos anos, além de alertas de operações do banco privado fora do padrão levados ao Banco Central (BC).
Em entrevista ao Estadão, o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, afirmou que a operação foi técnica, sem ingerência política, e com a análise de carteiras e produtos do Master que representavam sinergia com os interesses do banco público.
“A aquisição também pode trazer prejuízos ao patrimônio público do Distrito Federal, que é o acionista controlador do BRB. Caso a operação envolva ativos de baixa liquidez ou de recuperação duvidosa, o banco pode sofrer perdas expressivas, reduzindo dividendos repassados ao governo do DF”, escreveu Felix, questionando os critérios usados na expansão do banco estatal.
“Há preocupação de que a operação possa estar a serviço de interesses político-partidários dos atuais gestores do Distrito Federal. A expansão do BRB pode estar sendo conduzida não com base em critérios estritamente financeiros e estratégicos, mas para criar uma estrutura jurídica privada que integrará, de forma pouco clara, o conglomerado bancário público do DF”.
O Banco Master multiplicou por dez seu patrimônio e quintuplicou sua carteira de crédito desde 2021. Esse crescimento foi tracionado pela oferta de Certificados de Depósito Bancário (CDB) que pagam ao investidor taxas bem agressivas, muito acima dos concorrentes, de até 140% do CDI. No mercado financeiro, a instituição também é alvo de comentários por ter comprado participações de companhias em dificuldades financeiras.
O BC foi alertado sobre as operações fora do padrão feitas pelo banco Master e apertou as regras para frear um comportamento ousado na comparação com os concorrentes. Segundo dois banqueiros ouvidos sob reserva pelo Estadão, o órgão regulador foi provocado, ainda na gestão de Roberto Campos Neto (encerrada em dezembro passado), sobre a discrepância em relação às práticas tradicionais das instituições financeiras assumidas pelo Master.
De acordo com o BRB, serão adquiridas 49% das ações ordinárias (com direito a voto) do Master e 100% das ações preferenciais (sem direito a voto). Ainda segundo o banco público, a operação vai ser fechada após o cumprimento de condições, como a conclusão de uma diligência dos ativos e passivos do Master e a aprovação do BC e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Como informou a Coluna do Estadão, o Sindicato dos Bancários do Distrito Federal apontou “profunda preocupação” com o negócio e classificou a compra de “possível gestão temerária”. (Com informações do jornal O Estado de S. Paulo)