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Deputados do PT pediram a retratação do colega do DEM que citou fake news sobre a vereadora assassinada Marielle Franco

Na sexta-feira (16), Fraga publicou no Twitter um comentário onde apontou a suposta relação entre Marielle e uma organização criminosa. (Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados)

Líderes do PT na Câmara, os deputados Paulo Pimenta (RS) e Wadih Damous (PT-RJ) protocolaram nesta segunda-feira (19) uma representação na Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão contra o deputado Alberto Fraga (DEM-DF). Os petistas pedem a apuração de prática de crime de calúnia contra o parlamentar por ter divulgado informações falsas sobre a vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ),executada na semana passada na capital fluminense.

Na sexta-feira (16), Fraga publicou no Twitter um comentário onde apontou a suposta relação entre Marielle e uma organização criminosa. “Conheçam o novo mito da esquerda, Marielle Franco. Engravidou aos 16 anos, ex-esposa de Marcinho VP, usuária de maconha, defensora da facção rival e eleita pelo Comando Vermelho, exonerou recentemente seis funcionários, mas quem a matou foi a PM”, escreveu. A postagem foi removida de seu perfil no domingo (18), após protestos dos internautas.

Os deputados afirmam na petição que não houve um pedido formal de desculpas de Fraga e pedem que o parlamentar seja obrigado a se retratar perante aos eleitores de Marielle. “O discurso do ódio no Brasil tem não apenas ferido a honra e a dignidade de pessoas e grupos sociais como produzido dor, sofrimento e levado à morte. Embora não seja um fenômeno recente na história é perceptível, infelizmente, o seu crescimento, notadamente estimulado pelo uso de instrumentos de comunicação de massa como as redes sociais”, argumentam os petistas.

Paralelamente a ação dos líderes do PT, o PSOL prepara uma representação contra Fraga no Conselho de Ética da Câmara por quebra de decoro parlamentar. O pedido de punição a Fraga deve ser protocolado nesta quarta-feira (21). Nesta terça (20), a bancada deve participar do ato ecumênico na Cinelândia, no Centro do Rio de Janeiro, alusivo ao sétimo dia da morte de Marielle.

Padre xingado

O padre Mario de França Miranda, de 81 anos, foi interrompido e xingado por dois homens enquanto celebrava uma missa em uma igreja de Ipanema, na Zona Sul do Rio, na manhã de domingo, após citar a morte da vereadora Marielle. Os dois foram retirados da igreja, e o sacerdote continuou a celebração. O caso não foi denunciado à Polícia Civil. O padre responsável pela paróquia lamentou o fato de nenhum fiel ter defendido Miranda.

O padre estava celebrando a missa das 10h30min na Paróquia da Ressurreição, quando, durante a homilia, citou a vereadora. “Fiz a homilia normal, explicando um pouco o texto, e citei Martin Luther King, dom Óscar Romero e pessoas que estão tentando melhorar a sociedade, como Jesus também tentou melhorar e foi assassinado precocemente. O Evangelho fala que o grão cai na terra e dá frutos. Então, eu falei que frutos são esses. Mostrei que quando se mata uma pessoa parece que tudo termina, mas não. No caso de Jesus, ele influenciou toda a humanidade”, contou o padre, em entrevista ao jornal O Globo. “E frutos também são aquelas pessoas que tentam seguir esse exemplo: que têm uma vida difícil, mas com sentido, e que causam muita paz por fazer o bem.”

Quando citou Marielle, dois homens começaram a gritar “padre filho da puta” e outros xingamentos.

“Quando houve a reação dos dois homens tinha umas 500 pessoas na igreja e eu pensei: tenho que tocar a missa. Não ia ficar preso a um tumulto que lá no fundo da igreja apareceu. Duas pessoas revoltadas. Me xingaram de tudo. Depois nem quiseram me dizer os palavrões. Logo, eles foram retirados da igreja e eu consegui recolocar a missa em oração”, afirmou.

Ao final da missa, fiéis se solidarizaram com o padre e o parabenizaram pela homilia.

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