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Deputados questionam a ministra da Saúde sobre desperdício de vacinas, e ela joga a culpa no governo Bolsonaro

Nísia Trindade participou de audiência pública na Câmara dos Deputados. (Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados)

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, foi questionada por parlamentares da oposição do governo sobre o desperdício de doses de vacinas, devido à perda de validade, durante audiência pública na Câmara dos Deputados nessa quarta-feira (13). Ela foi chamada para prestar esclarecimentos sobre diferentes ações da pasta. Segundo a ministra, a medida de descartar imunizantes foi necessária porque o governo Lula recebeu estoques próximos ao vencimento, já que a gestão anterior falhou na distribuição deles.

Segundo informações do jornal O Globo, o governo federal deixou vencer 58,7 milhões de imunizantes desde a posse de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente em 2023. A perda dos lotes representa um gasto de R$ 1,75 bilhão aos cofres públicos, um recorde desde os quatro anos do segundo mandato de Lula, quando o prejuízo acumulado foi de R$ 1,96 bilhão.

Parlamentares como os deputados Doutor Frederico (PRD-MG) e Kim Kataguiri (União-SP) questionaram sobre a perda de doses. Kataguiri questionou sobre a incineração, em 2024, de 10,9 milhões de vacinas com o prazo de validade expirado. Já Frederico pediu para a ministra comentar sobre o prejuízo de R$ 1,75 bilhão diante da perda de imunizantes.

Em resposta, Trindade afirmou que a pasta herdou doses de vacinas da Covid-19 que “não haviam sido distribuídas pelo governo anterior e estavam em estoque”.

“ Antes de assumir o Ministério da Saúde, integrei o grupo de trabalho de transição e fiquei perplexa de saber que era sigilosa a situação do estoque de vacinas. Não tínhamos nenhum controle de qualidade e veracidade das informações. (…) Haviam 158 milhões de itens de saúde a vencer até junho do ano passado, R$ 1,2 bilhão era nossa avaliação de perda diante deste estoque. Desse, R$ 1 milhão relativos às vacinas de Covid”, declarou a ministra.

Ainda segundo ela, a pasta investiu em estratégias para utilizar doses adquiridas pela gestão de Jair Bolsonaro (PL) que evitaram o desperdício de R$ 252 milhões, equivalente a 12,3 milhões de vacinas.

“Além disso, assumimos o trabalho conjunto com secretários estaduais e municipais de modo a evitar perdas”, completou. “As vacinas são vítimas da fake news e da desinformação. São pessoas vítimas das desinformações que deveriam estar protegidas contra essas doenças.”

O número de vacinas perdidas em 2023 e 2024 supera em 22% a quantidade desperdiçada nos quatro anos em que o ex-presidente Jair Bolsonaro esteve no poder, quando 48,2 milhões de imunizantes foram descartados por não serem usados no prazo de validade.

“Acho que houve incompetência por parte do ministério, que não distribuiu com celeridade os imunizantes para os estados”, comentou Kataguiri.

Em sua apresentação, a ministra negou que haja um desabastecimento de vacinas no Sistema Único de Saúde (SUS) e destacou que o governo mantém a oferta das 20 vacinas de rotina. Ao longo da fala, ela citou desafios que ocorreram ao longo do ano, “como o atraso na entrega de alguns imunizantes por laboratórios públicos e privados”. Todos superados, segundo ela.

“Fizemos a aquisição de novas vacinas dentro dos marcos legais, tendo como prioridade o acesso. Essa regularização de toda a distribuição foi feita. (…) Fomos absolutamente bem-sucedidos”, declarou Trindade.

Em outubro, o Ministério da Saúde comunicou que houve um “desabastecimento momentâneo” nos estoques de vacina contra Covid-19 no SUS, mas negou o cenário de ausência generalizada de imunizantes.

O estoque de vacinas de Covid encontrava-se desabastecido aconteceu entre os dias 16 e 22 de outubro, diz o ministério. Segundo o ministério, a ausência aconteceu devido ao vencimento dos lotes.

Nos requerimentos de convocação, os parlamentares citam, por exemplo, a compra de vacinas, repasses de recursos aos estados e municípios e o caso dos transplantes de órgãos com HIV no Rio de Janeiro.

Esta é a sétima vez que Trindade é chamada e comparece em audiência na Câmara desde o início da gestão, em 2023. Foram cinco vezes no ano passado e uma neste ano. As informações são do jornal O Globo.

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