Os cientistas descobriram que alguns ursos-polares enfrentam a fome à medida que o gelo marinho do Ártico derrete, já que não conseguem adaptar suas dietas à vida em terra. Com a caça voltada para o ambiente de gelo, os ursos-polares se alimentam de focas que conseguem capturar em momentos oportunos no mar.
Com o derretimento do gelo em um mundo em aquecimento, muitos ursos passam mais tempo em terra firme, onde se alimentam de ovos de aves, frutas selvagens e até mesmo grama. No entanto, essa mudança drástica de dieta traz consigo um problema: os ursos perdem peso rapidamente, o que aumenta significativamente o risco de morte para esses animais.
O urso-polar tornou-se um símbolo emblemático das ameaças crescentes das alterações climáticas no Ártico. No entanto, segundo os cientistas, compreender o impacto dessas mudanças nessa espécie é uma tarefa complexa, até porque a mudança climática não é a única ameaça à espécie. Embora a população de ursos tenha diminuído drasticamente até a década de 1980, isso foi principalmente devido à caça predatória. Os dados do estudo foram divulgados pela BBC.
Com a implementação de medidas legais mais rigorosas de proteção, o número de ursos-polares aumentou. No entanto, o maior desafio agora é o aumento das temperaturas globais, que ameaçam diretamente os mares congelados do Ártico — habitat fundamental desses animais.
As focas são alvo dos ursos-polares principalmente pelas altas concentrações de gordura corporal, o que equilibra a necessidade nutricional dos ursos em meio à demanda corporal. Como a caça ocorre principalmente em blocos de gelo, eles passam a ser fundamentais para a manutenção da espécie.
No entanto, nos meses mais quentes, muitas partes do Ártico estão cada vez mais sem gelo. Nesse período, os ursos empregaram estratégias diversas para garantir sua sobrevivência, alguns optaram por descansar e preservar energia. A maioria tentou buscar vegetação, frutos silvestres ou até mesmo nadou em busca de alimento.
No entanto, ambas as abordagens resultaram em fracasso, com 19 dos 20 ursos do estudo perdendo massa corporal, com perdas de até 11% em alguns casos.
“Independentemente da estratégia que tentassem adotar, não houve benefício real em nenhuma das abordagens em termos de prolongar o período em que poderiam sobreviver em terra”, observou o autor principal, Anthony Pagano, do Serviço Geológico dos EUA no Alasca.
Por sua vez, o coautor Charles Robbins, do Centro de Ursos da Universidade Estadual de Washington, destacou: “Os ursos-polares não são como os ursos pardos que usam jalecos brancos. Eles são bastante diferentes.”
Outros pesquisadores, no entanto, argumentam que o impacto das mudanças climáticas sobre os ursos-polares variará dependendo da localização. Segundo a BBC, entre 1979 e 2015, por exemplo, o período sem gelo na região oeste da província canadense de Manitoba aumentou em até três semanas.
Para entender como os animais sobrevivem à medida que o gelo desaparece, os pesquisadores acompanharam as atividades de 20 ursos-polares durante os meses de verão ao longo de três anos. Além de coletar amostras de sangue e pesar os ursos, os animais foram equipados com coleiras munidas de GPS e câmeras de vídeo. Isso possibilitou aos cientistas registrar os movimentos dos animais, suas atividades e os alimentos que consumiam.
Dois dos três ursos que entraram na água encontraram carcaças de animais mortos, mas gastaram pouco tempo se alimentando, pois estavam exaustos pelo esforço.
Pagano compartilhou com a BBC News: “Uma fêmea subadulta encontrou uma baleia beluga morta, deu algumas mordidas, mas usou principalmente como boia para descansar. Isso sugere para nós que esses ursos não podem comer e nadar ao mesmo tempo.”
Na quarta-feira passada, a foto de um urso-polar adormecido com a cabeça recostada em um bloco de gelo ganhou o People’s Choice Award de Fotografia de Vida Selvafem do Ano. De acordo com informações da BBC, Nima Sarikhani, a autora o clique, fez o registro após três dias de buscas pelos animais na Noruega.