Por quatro horas, ontem à tarde, 14 deputados da oposição se revezaram na tribuna da Assembleia Legislativa para atacar fortemente o projeto do Executivo que pretendia limitar em um o número de dispensa de servidores para o exercício de mandato eletivo em confederação, federação, sindicato, entidade ou associação de classe.
Alguns chegaram a se manifestar por cinco vezes. A tática dos governistas era não reagir. Sérgio Turra e Juvir Costella não se contiveram e tentaram falar sob vaias de funcionários que estavam nas galerias.
Atualmente, 310 funcionários estão liberados e o custo sustentado pela Secretaria da Fazenda é de 40 milhões de reais por ano. A proposta, reduzindo drasticamente o total, não reuniu o número necessário de votos na bancada da situação para ser aprovado. Alguns entenderam como o famoso bode na sala. Surgiu, então, emenda do líder do governo, deputado Gabriel Souza, com assinatura de mais sete parlamentares, para um escalonamento: nem a situação atual, nem o rigor pretendido pelo Executivo. Foi aprovada às 19h45min de ontem por 27 votos favoráveis e 21 contrários.
Na contramão
Uma das surpresas da sessão de ontem ocorreu quando a deputada Manuela d’Ávila foi à tribuna anunciar que votaria a favor da emenda governista. Alegou que, entre garantir a proposta do meio termo e reduzir muito a representação sindical, ficava com a primeira opção.
Alça de mira
Os ataques ao governo prosseguem hoje. Na abertura da sessão plenária, que tem espaço denominado grande expediente, o deputado Adão Villaverde vai tratar do tema A opção pelo obscurantismo e pela desgauchização do Rio Grande do Sul.
A bancada da situação decidirá se vai continuar quieta.
Agora, falta a sentença
Os 44 votos contrários à punição de Aécio Neves se dividiram em dois grupos: alguns senadores conhecedores da Constituição com os dispositivos de independência dos poderes e muitos interessados no habeas corpus preventivo, porque estão envolvidos em inquéritos e processos. O julgamento do ex-candidato à Presidência da República, a partir das gravações revelando corrupção, não pode tardar.
Atrás do dinheiro
A Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa voltou a debater ontem a realização de plebiscito sobre o futuro de empresas estatais. A deputada Stela Farias perguntou “se haverá venda ou alienação”. Não existe dúvida: serão passadas adiante para que o governo ponha dinheiro no caixa e, por algum tempo, pague os salários de servidores públicos em dia.
Chegará um momento em que não haverá mais o que vender.
Muito merecido
O ex-vereador e ex-presidente da Câmara Municipal Professor Garcia recebeu o Título de Cidadão Emérito de Porto Alegre, durante solenidade ontem no Plenário Otávio Rocha. A proposta foi do vereador Pablo Mendes Ribeiro, reconhecendo com os demais colegas a seriedade e a dedicação com que Garcia se empenhou nos mandatos.
Momento da virada
Os jornais, a 18 de outubro de 2002, publicaram: “No apartamento do presidente da Valisère, Ivo Rosset, num suntuoso prédio nos Jardins, zona Sul de São Paulo, o candidato do PT à Presidência da República afirmou durante jantar para mais de 300 empresários que, ‘se as coisas continuarem como estão, apenas um cataclismo vai nos tirar a vitória’. O pronunciamento de Lula agradou muito aos presentes. Sobretudo o ‘nos tirar a vitória’. Incluíram-se, vendo surgir ali um novo Lula.
Regra do jogo
Em ano eleitoral, há solução para cada problema. Após a vitória, inverte-se: cada solução torna-se um problema.