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Desatenção, hiperatividade e impulsividade: entenda por que o TDAH vai além dos grandes sintomas e é um desafio para médicos e pacientes

O transtorno pode ir muito além disso e envolver prejuízos e disfunções cognitivas amplas. (Foto: Reprodução)

O transtorno de déficit de atenção (TDAH) é uma condição tão complexa que vídeos curtos sobre ele em redes sociais como o Tik Tok têm grandes riscos de levarem a conclusões equivocadas.

Não basta saber que os três principais sintomas do TDAH são: desatenção, hiperatividade e impulsividade.

O transtorno pode ir muito além disso e envolver prejuízos e disfunções cognitivas amplas, com alterações motoras e de linguagem muitas vezes. Além disso, uma pessoa diagnosticada com TDAH não precisa ter os três sintomas centrais ao mesmo tempo, necessariamente.

Levantamentos populacionais sugerem que o TDAH ocorre em cerca de 5% das crianças e 2,5% dos adultos, mas apenas 20% dessas crianças têm de fato o diagnóstico.

Os tratamentos para o TDAH não levam à cura, mas à melhora dos sintomas e na qualidade de vida. Eles incluem terapia cognitivo-comportamental e medicação farmacológica.

Em uma busca rápida pelo termo TDAH no Tik Tok, são encontrados vídeos de menos de um minuto com cerca de 3,5 milhões de visualizações, que mostram supostos sintomas do transtorno, como as pernas inquietas e a agitação durante o sono.

Mas o diagnóstico envolve a observação clínica de um médico que analisa uma série de sintomas. Psicólogos podem suspeitar do transtorno e encaminhar os casos para o médico, que costuma ser um psiquiatra ou neuropediatra. Testes neuropsicológicos fornecem dados, mas não confirmam o diagnóstico isoladamente.

O psiquiatra do Hospital Albert do Einstein Elton Yoji Kanomata explica que muitos pacientes costumam chegar ao consultório acreditando ter TDAH, quando na verdade têm depressão ou ansiedade, que também têm a desatenção como um dos possíveis sintomas.

“A gente tem um fenômeno de influenciadores de saúde mental que simplificam o assunto. Eles dizem que aquilo é TDAH ou pânico e adolescentes que estão formando a identidade e passando por sentimentos e emoções desconhecidas acabam acreditando”, acrescenta o psiquiatra de crianças e adolescentes e professor de psiquiatria da USP Guilherme Polanczyk.

Polanczyk destaca que a maior parte das pessoas com TDAH não tem diagnóstico. “A gente não quer um super diagnóstico, mas a maior parte das pessoas que morre por causa desse transtorno morre porque não recebe tratamento”, afirma o psiquiatra.

Os sintomas geralmente surgem antes dos 12 anos e tendem a melhorar na fase adulta. As crianças que foram diagnosticadas, quando chegam na idade adulta preenchem, por exemplo, 4 ou 3 dos 5 sintomas necessários.

Ou seja, os sintomas não desaparecem por completo, mas diminuem. Isso ocorre também porque adultos têm um autoconhecimento maior e aprendem a adotar estratégias para evitar esquecimentos, como lembretes, e retirar do campo de visão itens que possam “sequestrar” sua atenção.

A investigação do diagnóstico é clínica e precisa ser feita por um médico (geralmente psiquiatra ou neuropediatra). Psicólogos costumam ter conhecimento sobre psicopatologia e muitas vezes podem suspeitar e encaminhar o caso para o médico.

Com os testes neuropsicológicos disponíveis atualmente, muita gente entende que, se aparecer desatenção no teste, é TDAH. Mas muitas vezes não é. Assim como uma pessoa pode ter TDAH e não aparecer no teste psicológico. O teste neuropsicológico ajuda no diagnóstico, mas não confirma. Ele fornece dados para serem interpretados numa avaliação clínica.

O Dr. Kanomata alerta que a quantidade crescente de médicos mal formados e naturalmente mal preparados para fazer este diagnóstico acaba levando a falsos diagnósticos positivos ou negativos.

“Medicamentos de primeira linha como o Venvanse podem piorar outros transtornos mentais como transtornos de ansiedade. E é relativamente comum que o TDAH venha acompanhado de algum outro transtorno neuropsiquiátrico, o que traz maiores desafios no momento da investigação”, acrescenta Kanomata.

O médico afirma que, no caso de crianças, é muito comum a necessidade de investigação complementar com a realização de avaliação neuropsicológica para somar à entrevista médica. Já no adulto, muitas vezes não há a necessidade da avaliação neuropsicológica. As informações são do portal de notícias G1.

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