Quinta-feira, 07 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 7 de novembro de 2024
Pesquisadores do Museu Britânico anunciaram uma descoberta sobre a possível localização da “Arca de Noé” ao decifrarem o mapa mais antigo do mundo, gravado há cerca de 3.000 anos em uma tábua babilônica. Conhecida como Imago Mundi, a peça de argila guarda gravuras que mostram um diagrama circular, que detalharia a criação do mundo, segundo a visão babilônica.
A tábua, ornada com a escrita cuneiforme, revela que um viajante, ao seguir as indicações ali descritas, deveria passar por “sete léguas… [para] ver algo como um recipiente parsiktu”. A palavra, que indica o tamanho de um grande barco necessário para resistir ao Grande Dilúvio, já foi documentada em outras tábuas babilônicas. Seguindo as orientações, os pesquisadores chegaram a Urartu, nome assírio para o “Ararat”, montanha bíblica onde Noé teria desembarcado após o dilúvio.
O curador do Museu Britânico e especialista em escrita cuneiforme, Irving Finkel, destaca a relevância da descoberta: “Isso mostra que a história era a mesma e, claro, que uma levou à outra, mas também que, do ponto de vista babilônico, isso era uma questão de fato. Se você fizesse essa viagem, veria os restos deste barco histórico”.
A tábua, descoberta no que hoje é o Iraque em 1882, ainda desperta fascínio pela precisão de seu registro do mundo antigo, em que a Mesopotâmia figura cercada por um “rio amargo”.
A precisão das instruções sobre a arca em Imago Mundi também se conecta ao relato babilônico do dilúvio. Segundo a narrativa, o deus Ea teria mandado uma inundação para extinguir a humanidade, poupando apenas Utnapishtim e sua família, que, a mando do deus, construíram uma arca semelhante à de Noé. Finkel enfatiza: “Neste relato, os detalhes são dados e o Deus diz: ‘Você tem que fazer isso, isso e isso’ e então o Noé babilônico diz: ‘Eu fiz isso!’”.
A história do Dilúvio de Gilgamesh, registrada em outras tábuas babilônicas, é datada de cerca de 3.000 anos, enquanto o relato bíblico do dilúvio data de aproximadamente 5.000 anos. Segundo Finkel, quem seguisse o caminho indicado até Urartu encontraria estruturas remanescentes do antigo barco.
Embora cientistas e arqueólogos se dividam quanto à literalidade da narrativa da Arca, mais estudos serão conduzidos. Recentemente, uma equipe liderada pela Universidade Técnica de Istambul revelou evidências de atividade humana no Monte Ararat entre 3.000 e 5.000 anos atrás, após anos de escavações.
Entretanto, de acordo com a imprensa britânica, especialistas questionam a veracidade dessas teorias. Segundo estudos, o Monte Ararat se formou após o recuo das águas do dilúvio, o que inviabilizaria a montanha como local de pouso da arca.