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Descoberto o segredo do brilho eterno dos anéis de Saturno

Os anéis de Saturno talvez sejam mais antigos do que se pensava. (Foto: Reprodução)

Os anéis de Saturno talvez sejam mais antigos do que se pensava e sua aparência brilhante pode ser resultado de um mecanismo que evita que escureçam apesar do impacto de micrometeoritos, segundo um estudo publicado em dezembro.

Saturno, o gigante gasoso do sistema solar, surgiu juntamente com os outros planetas, há mais de 4 bilhões de anos. No entanto, segundo pesquisas recentes, seus anéis teriam apenas entre 100 milhões e 400 milhões de anos, segundo estudo publicado na Nature Geoscience.

As estimativas se baseiam, principalmente, no fato de os anéis manterem alto poder reflexivo, apesar de ser constantemente bombardeados por micrometeoritos que, em teoria, deveriam eventualmente ofuscar seu brilho. Este bombardeio foi medido com precisão pela sonda Cassini-Huygens, que passou 13 anos na órbita de Saturno, até 2017. Apesar disso, ainda se sabe pouco sobre seus anéis, detectados já no século 17 pelo astrônomo holandês Huygens, depois de Galileu.

Os anéis formam um disco fino, composto principalmente por água congelada e, em menor medida, minerais. Os círculos concêntricos se estendem para mais de 100 mil km do planeta. “Uma das principais conclusões de Cassini é que os anéis deveriam ser jovens porque não parecem estar muito contaminados”, disse à agência AFP Gustavo Madeira, pesquisador de pós-doutorado do Instituto de Física do Globo de Paris e coautor do estudo.

A contaminação explicaria a tonalidade amarelada e cinzenta predominante nos anéis, que indica que estão “acumulando”, segundo os astrônomos, uma quantidade considerável de micrometeoritos que sujam o gelo original.

O estudo liderado por Ryuki Hyodo, pesquisador do Instituto de Ciências de Tóquio, sugere, porém, que “a juventude aparente dos anéis de Saturno se deve a uma resistência à contaminação, mais que a uma etapa recente de sua formação”. O modelo desenvolvido simula o impacto dos micrometeoritos nos fragmentos de gelo ou sílice dos anéis. Neste cenário, a velocidade das partículas é tipicamente de 30 km/s, ou seja, mais de 100 mil km/h. A colisão gera energia suficiente para vaporizar tanto o micrometeorito quanto parte do alvo.

As nanopartículas resultantes do impacto são expulsas pela ação do campo magnético do planeta e, em seguida, capturadas na atmosfera ou lançadas ao espaço. Esse fenômeno permite proteger os anéis da contaminação por micrometeoritos e manter uma espécie de juventude eterna. O problema segue sendo que, “por exemplo, não conhecemos a composição inicial dos anéis” quando se formaram, diz Madeira. “Partimos da suposição de que se trata de gelo, mas na verdade não sabemos.”

Planetólogos especulam que os anéis poderiam se originar de fragmentos de cometas, asteroides ou até de antigas luas de Saturno. Essa incerteza mostra que o debate sobre a idade dos anéis está longe de uma conclusão. (Estadão Conteúdo)

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