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Mundo Desde 2021, mais de 250 mil cubanos migraram para os Estados Unidos, segundo o governo americano

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Pandemia afetou o turismo a ilha - em 2019 foram 4,3 milhões; em 2022, 1,7 milhão. (Foto: Reprodução)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve em Cuba para a cúpula do G-77, que reúne 134 países. Ao circular pelo Malecón, em Havana, o petista encarou uma realidade muito distinta da de 2010, quando fez sua última visita oficial à ilha.

Na ocasião, Cuba vivia um processo de transição política e econômica conduzido por Raúl Castro, no poder desde que seu irmão Fidel havia passado o controle do país. Raúl iniciou tímidas – mas importantes – concessões para o setor privado.

Os subsídios de petróleo proporcionados pela Venezuela de Hugo Chávez mantinham viva uma economia agonizante. E alguma flexibilização no acesso à internet possibilitou o contato de uma nova geração com o mundo exterior.

Hoje, o cenário é profundamente diferente. Sem os Castros no poder, sem o petróleo chavista e com o turismo – principal fonte de dólares – afetado pela pandemia, o regime passa pela pior fase de sua crônica crise econômica e busca alianças do passado para manter vivo um sistema decrépito.

Desde 2017, a política monetária e o baixo crescimento do PIB têm impacto na qualidade de vida da maior parte da população. Agora, o fornecimento de eletricidade, a inflação, a escassez de gasolina, de alimentos e de divisas para importar produtos básicos aumentam o inconformismo dos cubanos, que temem a volta de um fantasma do passado: a fome.

Efeito da pandemia

A alta dos preços e a escassez de insumos básicos sob o governo de Miguel Díaz-Canel, que substituiu Raúl, em 2018, foi agravada pelo impacto da covid no turismo. Segundo dados do governo, o número de turistas, que foi de 4,3 milhões em 2019, ainda não se recuperou. No ano passado, foram 1,7 milhão, bem abaixo da meta de 2,5 milhões estipuladas pelo governo.

Com isso, Cuba perdeu uma fonte importante de moeda forte. Durante décadas, o país teve duas moedas: o peso cubano (CUP) e uma moeda conversível cujo valor ficava mais próximo do dólar comercial (CUC). Em 2021, o regime aprovou um plano de unificação monetária, mas, com a queda das reservas e o baixo desempenho do setor turístico, a inflação disparou.

Em agosto, 1 dólar valia 230 pesos cubanos no câmbio informal, enquanto o câmbio oficial era de 120 pesos por dólar. “Houve nos últimos anos um declínio na qualidade de vida. O governo perdeu a capacidade de sustentar o país”, disse o historiador Boris González Area, em entrevista ao Estadão.

“Desde antes da chegada de Díaz-Canel, a precariedade dos serviços essenciais, os problemas para encontrar alimentos e a falta de acesso a remédios contribuíram para o declínio da economia. Em Cuba, na pandemia, muita gente morreu por falta de antibiótico.”

Uma das principais consequências da crise é um novo êxodo migratório, o maior dos últimos 50 anos, com números superiores ao êxodo de Mariel, na década de 80, e da crise dos balseiros, de 1994. Desde 2021, mais de 250 mil cubanos migraram para os EUA, de acordo com o governo americano. O número representa 2% dos 11 milhões de habitantes de Cuba.

Fluxo migratório

Segundo o projeto Migrantes Desaparecidos, da Organização Internacional para Migração (OIM), pelo menos 70 cubanos morreram de janeiro a agosto afogados no mar, tentando chegar aos EUA em balsas improvisadas. No Brasil, o número de solicitações de refúgio de cubanos também subiu. Em 2022, mais de 4,2 mil pedidos foram registrados pelas autoridades brasileiras.

“Atualmente, os cubanos passam muito mais tempo pensando onde encontrar comida para a próxima refeição”, disse González. “As condições de vida sempre foram precárias, mas agora tem mais gente na miséria.”

Em maio, o ministro da Economia, Alejandro Gil, admitiu não haver soluções rápidas para a crise, culpando o baixo fluxo de moeda estrangeira para pagar as importações de combustível, alimentos e produtos agrícolas. “Se não conseguirmos produzir, não vamos ter”, disse.

Oposição

Enquanto a economia piora, as reclamações da população aumentam. Em um país controlado por uma ditadura, a dissidência nunca foi bem-vinda. Mas, de acordo com a cientista política Micaela Hierro, presidente da ONG Cultura Democrática, nos últimos anos, a repressão aumentou contra dissidentes e artistas.

“Com o tempo, e com o aumento do acesso à internet, a propaganda que dava a entender que o mundo estava pior que Cuba, foi se desmoronando. O mito, que já era contraditório para os cubanos, caiu totalmente. E isso provocou uma série de revoltas inéditas”, afirmou Micaela. “A internet e as redes sociais possibilitaram mobilizações em massa nunca antes vistas em Cuba. E isso provocou uma reação bastante violenta por parte do Estado.”

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https://www.osul.com.br/desde-2021-mais-de-250-mil-cubanos-migraram-para-os-eua-segundo-o-governo-americano/ Desde 2021, mais de 250 mil cubanos migraram para os Estados Unidos, segundo o governo americano 2023-09-17
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