Na semana passada, um idoso de 68 anos foi baleado ao entrar, por engano, de carro na comunidade Jardim Catarina, em São Gonçalo. No último dia 12, o turista argentino Gastón Fernando Burlón, de 51 anos, foi baleado ao entrar em um dos acessos ao Morro do Escondidinho, no Rio Comprido, Zona Norte. Segundo o levantamento do Fogo Cruzado, 16 pessoas foram atingidas por disparos de arma de fogo em circunstâncias parecidas no Grande Rio durante o ano de 2024. De acordo com o instituto, esse é o maior número de vítimas baleadas por confundirem a rota desde 2016.
Ainda segundo o levantamento, 50 pessoas foram baleadas ao errar o caminho nas ruas do Grande Rio nos últimos oito anos, das quais 10 morreram. O estudo também aponta que o Complexo de Israel foi a região com o maior número de pessoas baleadas ao entrarem em comunidades, totalizando 10 feridos.
O Complexo de Israel é dominado pelo Terceiro Comando Puro e, por englobar várias comunidades, é cercado por vias importantes, como a Avenida Brasil, a Rodovia Washington Luiz e a Linha Vermelha. Com frequência, motoristas que trafegam pela Avenida Brasil entram erroneamente na Cidade Alta, que integra o complexo.
Durante o G20, por exemplo, um policial militar do Bope de São Paulo e seu irmão foram baleados ao entrarem, por orientação do GPS, na comunidade. Ambos foram socorridos por agentes do Rio e levados ao Hospital Getúlio Vargas. Os ferimentos, localizados nas pernas, não apresentaram gravidade, e as vítimas se recuperaram bem.
Além das ocorrências no Complexo de Israel, a Maré, que também está localizada em uma área de intensa circulação de veículos, é um dos locais com maior incidência de casos semelhantes, registrando cinco feridos desde 2016. O Complexo da Maré é formado por 16 comunidades e cortado por importantes vias de acesso, como a Linha Vermelha e a Linha Amarela, tornando-se um ponto de confusão para motoristas que utilizam aplicativos de navegação.
Apesar disso, moradores apontam que a ausência de sinalização adequada e a falta de informações atualizadas nos aplicativos contribuem para o aumento dos incidentes. Iniciativas para minimizar esses riscos, como atualizações mais frequentes das rotas e a instalação de placas de advertência, têm sido discutidas, mas ainda não foram implementadas em larga escala.
(AG)