Terça-feira, 22 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 27 de fevereiro de 2025
Segundo o IBGE, a taxa subiu 0,3 ponto percentual em relação ao trimestre anterior
Foto: Gilson Abreu/AENA taxa de desemprego no Brasil subiu para 6,5% no trimestre encerrado em janeiro, após fechar 2024 com o menor patamar de desocupação desde o início da série histórica, em 2012. O número veio levemente abaixo do esperado pelos analistas, que projetavam taxa de 6,6%. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, e foram divulgados nessa quinta-feira (27) pelo IBGE.
William Kratochwill, analista do IBGE, explica que o aumento no desemprego reflete fatores sazonais, uma vez que no início do ano os trabalhadores temporários contratados para suprir a maior demanda de final de ano acabam sendo dispensados.
“É notório que no primeiro trimestre do ano há sempre um aumento de desocupação devido à desligamentos de temporários. Há um componente também da renovação dos contratos do setor público, em saúde e educação, que também pode acontecer muito nesse período”, diz ele, explicando que muitas vezes os contratos da administração pública demoram a ser renovados, gerando uma lacuna de trabalhadores nesse período.
Ele acrescenta ainda que há ainda o fator das eleições municipais que ocorreram no ano passado e que resultam em uma troca de equipes no setor público.
Ainda assim, o analista da pesquisa destaca que o desemprego é o menor para os trimestres encerrados em janeiro desde 2014. Em sua avaliação, o movimento pode ser um retorno ao ciclo que havia antes da pandemia, quando a desocupação refletia mais essa sazonalidade. Nos anos de 2022, 2023 e 2024, foram observadas uma queda e duas estabilidades seguidas, respectivamente.
Renda
Já a renda real do brasileiro chegou a R$ 3.343 no trimestre, com crescimento de 1,4% ante o trimestre finalizado em outubro, que serve de base de comparação. Ante o mesmo período do ano passado, o aumento foi ainda maior, de 3,7%. De acordo com Kratochwill, a renda alta ainda é reflexo do mercado de trabalho aquecido.
“O estoque de trabalhadores disponíveis para ocupar posições está cada vez menor, então o preço do insumo tende a aumentar”, explica.
Mas ele destaca que há outro fator que pode explicar o aumento da renda, apesar do maior desemprego: a diminuição da taxa de informalidade, que saiu de 38,9% no trimestre anterior para 38,3%. Além disso, o número de empregados sem carteira assinada no setor privado também caiu. Assim, quando há menos empregos informais e sem carteira, que costumam pagar salários menores, a renda tende a subir.
Ocupados
Cerca de 7,2 milhões de pessoas estavam desempregadas no País no período de novembro de 2024 a janeiro de 2025. É mais que em outubro, mas menos que relação a janeiro do ano passado. Para o IBGE, uma pessoa é considerada desempregada se não tem emprego mas está buscando uma vaga.
O número de pessoas ocupadas era de aproximadamente 103 milhões no fim do primeiro mês do ano, uma leva redução de 0,6%, após recordes sucessivos de ocupação.
A taxa e desemprego de janeiro mostra a segunda variação positiva após chegar ao menor nível de desocupação da série histórica no trimestre de setembro a novembro (6,1%).
Rendimento estável
Mesmo com a alta no desemprego, a renda subiu. Mas a massa de rendimento (a soma das remunerações de todos os trabalhadores) ficou estável, em R$ 339,5 bilhões. Em relação a igual período do ano passado, houve crescimento de 6,2% (mais R$ 19,9 bilhões).
“Ao observamos a variação em relação ao trimestre anterior, a população ocupada diminuiu em 0,6%, ou seja, existiam menos 641 mil trabalhadores ocupados e, ainda assim, a massa de rendimento permaneceu estatisticamente estável”, diz William Kratochwill, analista da pesquisa.
Na análise de economistas, esses dados mostram que a dinâmica dos salários ainda deve continuar pressionando a inflação.
Pnad x Caged
Novos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) foram divulgados na quarta (26). Os dados mostraram que 137.303 vagas formais de emprego com carteira assinada foram criadas em janeiro.
Tanto a pesquisa do Caged quanto a do IBGE mensuram o emprego, mas suas metodologias são diferentes. A do Caged só traz informações sobre trabalho com carteira assinada, com base no que as empresas informam ao ministério. Os dados são mensais.
Já a Pnad traz informações sobre trabalhadores formais e informais. A pesquisa é divulgada mensalmente, mas traz informações trimestrais. A coleta de dados é feita em 210 mil domicílios espalhados por 3.500 municípios, em todo o País. (O Globo)