Em uma ação movida pela família de um dos tripulantes do submarino que realizou viagem aos destroços do Titanic, advogados afirmam que as vítimas passaram por “terror e angústia psicológica” e que sabiam, iriam morrer antes da implosão, ao perceberem falhas na embarcação.
Os familiares do explorador francês Paul-Henri Nargeolet pedem indenização de US$ 50 milhões (aproximadamente R$ 275 milhões na cotação atual) à empresa americana OceanGate, dona do Titan. No processo, a família acusa a empresa de homicídio culposo, por ter ocultado intencionalmente falhas e problemas do submarino, que realizou a expedição em junho de 2023. Nargeolet já tinha visitado os destroços do Titanic mais de 30 vezes.
Conforme os documentos, indícios apontam que a tripulação estava ciente de que “algo de errado” aconteceria. Mesmo assim, um alerta foi emitido quando o submarino já estava a 3,5 mil metros de profundidade, ou seja, um pouco antes de perderem contato com a equipe da superfície.
Em agosto do ano passado, o banqueiro Gordon A. Gardiner foi apontado para o cargo de CEO da empresa, investigada pela Guarda Costeira dos Estados Unidos que apura as circunstâncias do incidente. Até o momento, a empresa não foi responsabilizada judicialmente pelas mortes.
Uma simulação detalhada de Ronald Wagner, doutor em Engenharia e especialista na flambagem de estruturas de paredes finas, mostra passo a passo, com prazos exatos, o colapso do Titan. Segundo o estudioso, foram necessários apenas 13,495 milissegundos para que os destroços do Titan se espalhassem pelo oceano. Com isso, nenhuma das vítimas sentiu dor.
“Seu cérebro precisa de 13 milissegundos para processar as informações que recebe do seu olho”, comparou Wagner. “Mas, como você pode ver aqui [na simulação da implosão do Titan], se avançarmos 13 milissegundos, você já estaria morto há 10 milissegundos”.
Embora tenham morrido instantaneamente, de acordo com o estudo de Wagner, os tripulantes perceberam pistas de que algo estava errado. Isso porque a estrutura teria emitido altos rangidos e estalos antes de entrar em colapso. Além disso, sistemas de monitoramento e sensores do casco teriam acionado alarmes para indicar uma falha, segundo o site “engineering.com”.
A implosão do submersível Titan matou o magnata britânico Hamish Harding; o ex-comandante da Marinha francesa, Paul-Henri Nargeolet; o CEO da OceanGate Expeditions, Stockton Rush; e o empresário paquistanês Shahzada Dawood e seu filho Suleman.