Quarta-feira, 27 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 4 de setembro de 2023
Inteligência da Secretaria de Segurança Pública não vê risco de violência no desfile militar
Foto: Marcello Casal Jr./Agência BrasilOito meses após as invasões golpistas às sedes dos Três Poderes, em Brasília, o governo do Distrito Federal prepara um esquema de segurança de grandes proporções para o primeiro desfile cívico-militar do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A Secretaria de Segurança Pública da capital federal não quer arriscar uma reedição do levante de 8 de Janeiro e, para isso, mobilizará tropas equiparáveis ao contingente empregado na posse presidencial do início deste ano. O aparato será reforçado mesmo com a Inteligência da PMDF (Polícia Militar do DF) apontando para a ausência de risco no feriado de 7 de Setembro.
Se por um lado o governo do DF recebe informações de que não há risco de violência, o ministro da Justiça, Flávio Dino, diz ter identificado a convocação de atos de protesto contrários ao desfile organizado por Lula, o que ligou o alerta no Palácio do Planalto. O ministro relatou as preocupações à governadora em exercício, Celina Leão (PP), que, em resposta, solicitou a participação da Força Nacional na segurança do desfile de 7 de Setembro.
O grupamento federal atuará conjuntamente com a PMDF e com o as Forças Armadas por meio “Gabinete de Mobilização Institucional”, criado pelo governo do DF para definir a atuação integrada de todas as instituições envolvidas na operação.
As tratativas entre o governo Lula e o governo de Ibaneis Rocha (MDB) para a realização dos desfiles de 7 de Setembro na Esplanada vêm desde o mês de junho. Nas reuniões conjuntas ficou acertado, por exemplo, que a PMDF montará barreiras de revista das pessoas que comparecerem ao local do evento.
O PAI (Plano de Ações Integradas) ainda prevê o fechamento de vias para organizar o evento e a presença de batalhões especializados para lidar com eventuais situações de conflito, como a Tropa de Choque.
“A gente está trabalhando com a mentalidade de não poupar esforços e o efetivo será bastante considerável para dar segurança às autoridades presentes e à população”, disse ao Estadão o secretário de Segurança Pública do DF, Sandro Avelar. “Estamos tomando todos os cuidados para que tenha um efetivo bastante considerável”, completou.
O esquema montado pela Secretaria é tratado como “preventivo”. Avelar argumentou que há “tranquilidade” no governo distrital em relação a possíveis manifestações ou atos violentos, mas que o pensamento da equipe de segurança é orientado no sentido de “sempre evitar riscos”.
“Há um grande serviço de inteligência sendo realizado, monitorando as redes sociais e eventuais movimentações para que, assim, a gente tenha essa tranquilidade. Até o momento a gente não tem detectado nenhuma grande manifestação que possa representar um risco, mas estamos atentos e trabalhamos com o efetivo de modo a garantir que nada aconteça”, disse Avelar.
As expectativas do governo Lula acerca do desfile de 7 de Setembro também se refletem no Palácio do Buriti, de onde despacha o governador Ibaneis. O feriado da Independência será o primeiro evento de grandes proporções em Brasília após a destruição dos principais prédios públicos do País no dia 8 de Janeiro.
O evento ocorrido no início deste ano resultou no afastamento de Ibaneis por 90 dias do cargo e, a posteriori, na prisão de sete integrantes do alto escalão da PMDF, dentre eles o comandante da corporação, por omissão durante as invasões aos prédios do Congresso, Planalto e Supremo Tribunal Federal.
No Planalto, por sua vez, reside a apreensão de que ocorram incidentes e o temor de que o evento seja esvaziado. Parlamentares de oposição têm feito campanha nas redes para que as famílias não comparecem aos desfile cívico-militar organizado por Lula.
O presidente, porém, gastou R$ 3 milhões somente com a estrutura e a organização das comemorações na expectativa de atrair público e desvincular o feriado de 7 de Setembro do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que é acusado na Justiça Eleitoral de ter instrumentalizado a data.