Imbuído pelo espírito de reconstrução do Rio Grande do Sul, o público que esteve no Desfile Farroupilha nessa sexta-feira (20) viu passar pela avenida Edvaldo Pereira Paiva, em Porto Alegre, uma amostra do empenho do governo do Estado para enaltecer as forças de segurança, valorizar a cultura e manter vivo o orgulho que o povo gaúcho tem por suas tradições. Antes do evento, o governador Eduardo Leite realizou a revista da tropa.
Na sequência, passaram pela avenida os desfiles cívico-militar, temático e tradicional. O público teve acesso gratuito às arquibancadas e recebeu bandeirinhas nas cores do Estado, enfeitando ainda mais a avenida.
Um desfile triplo
No primeiro, desfilou um contingente de mais de 1,3 mil integrantes da Brigada Militar, Corpo de Bombeiros Militar (CBMRS), Polícia Civil, Instituto-Geral de Perícias (IGP), Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) e Defesa Civil. A parada mostrou o efetivo das forças de segurança do governo do Estado, que cruzaram a avenida fortalecidas após a intensa atuação no período de enchente. As instituições apresentaram viaturas históricas, mostraram serviços especializados e investimentos recentes do governo para reforço das corporações.
Logo após, foi a vez do desfile temático, que homenageou o centenário do poeta e pajador Jayme Caetano Braun – tema dos Festejos Farroupilhas de 2024 –, abordando também a reconstrução do Rio Grande do Sul. Os seis carros alegóricos foram preparados no Complexo Cultural do Porto Seco, com criação e coordenação de Guaraci Feijó e direção artística de Ruben Oliveira. Neste ano houve o retorno das alegorias temáticas, que não integravam o desfile desde 2013.
O desfile temático foi aberto com as bandeiras do Rio Grande do Sul, de Porto Alegre, da 1ª Região Tradicionalista (RT) e das entidades participantes, além da faixa-tema da parada – conduzidos por prendas, peões e representantes da 1ª RT e de outras entidades envolvidas.
O primeiro carro, “Tronco Missioneiro”, exaltou a obra e as origens missioneiras de Braun, com a representação de padres e indígenas guaranis e com a presença do patrono dos Festejos Farroupilhas, Pedro Ortaça, e de familiares de Braun, de Cenair Maicá e de Noel Guarany. A homenagem também foi motivada pelos 400 anos das Missões Jesuíticas, que serão completados em 2026.
Na segunda alegoria, intitulada “Obelisco/Bicentenário da Imigração Alemã no Rio Grande do Sul”, foram celebradas as origens germânicas da família de Braun e o monumento alusivo à imigração alemã instalado em São Leopoldo, com a presença de um grupo folclórico de Santa Cruz do Sul. A temática está inserida no contexto dos 200 anos da chegada dos primeiros imigrantes de origem germânica ao Estado.
Com o tema “Família”, o terceiro carro foi dedicado à vida pessoal e familiar do pajador, contando sua história a partir da casa onde nasceu, na localidade de Timbaúva, hoje pertencente ao município de Bossoroca. Na sequência, o quarto carro, “Bolicho”, representou o bolicho de campanha que Braun administrou na vila da Serrinha, em São Luiz Gonzaga, trazendo o grupo de dança “Eu Sou do Sul” e a representação de Tio Anastácio (eternizado em canção homônima de Braun), de músicos e atendentes de balcão.
A atuação do homenageado na comunicação e na política foi o foco da quinta alegoria, “O Comunicador/O Político”, relembrando a sua participação em campanhas políticas, para as quais criava versos de improviso, e em jornais e programas de rádio. Políticos e eleitores estiveram representados na alegoria. O último carro alegórico, que integrou a segunda parte do desfile temático, chamava-se “Reconstrução” e apresentou uma escultura do célebre cavalo Caramelo, símbolo da resiliência gaúcha. Pessoas que atuaram na enchente estiveram no carro, tanto presencialmente quanto por meio de fotos. Junto ao carro, apresentou-se o Grupo de Folclore de Projeção Os Guerreiros.
Encerraram o desfile temático patrões e patroas das entidades da 1ª RT, integrantes da Comissão Estadual dos Festejos Farroupilhas, voluntários e representantes de diversas instituições que se mobilizaram no enfrentamento à enchente – como ONGs, Defesa Civil e Samu, inclusive com pessoas de outros Estados –, além de mais de 190 bandeiras representando, de forma coreografada, os municípios afetados pelo evento climático.
Por fim, o desfile tradicional foi composto por cerca de 270 cavalarianos de piquetes e Centros de Tradições Gaúchas (CTGs).