Quarta-feira, 15 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 17 de janeiro de 2018
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Cerca de dois anos atrás, Fernando Schuler, doutor em filosofia, publicou um artigo intitulado “É ético utilizar a sala de aula para fazer a cabeça dos nossos alunos?”. Para escrevê-lo, analisou dez dos livros de História mais utilizados no Brasil, tanto nas escolas públicas quanto nas privadas. Sua constatação foi de que 100% dos livros tinham claro viés ideológico.
Esse mesmo viés ideológico apareceu de maneira escancarada na prova de História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) realizada no dia 10 de janeiro. A questão 15, por exemplo, afirmava que a política econômica nazista era capitalista de livre mercado. Já no enunciado da questão 22 da prova, pintaram um dos vencedores do Nobel de economia, Milton Friedman, como conselheiro do ditador chileno Augusto Pinochet. Friedman nunca apoiou ou aconselhou Pinochet. O que aconteceu foi que alguns ex-alunos chilenos da Escola de Chicago, na qual Milton Friedman lecionava, absorveram os conceitos de uma economia de livre mercado, descentralizada, e transformaram esses conceitos em políticas econômicas que foram aplicadas em seu país, e que, por sua vez, geraram um crescimento econômico inegável.
Não menos ideológico é o gabarito da questão, que afirma que uma das características das políticas implementadas pelos “Chicago Boys” é contração da renda dos trabalhadores. Gostaria de saber quais foram os dados utilizados pela universidade para constatar que essa afirmação é verdadeira. Até onde sabemos, o que ocorre é justamente o contrário. Existe uma correlação no mínimo moderada entre os índices de liberdade econômica, divulgados pela Heritage, e o índice de desenvolvimento humano (IDH), que leva em consideração a renda per capita.
O mais preocupante disso tudo é que fica claro que nossos jovens estão passando por um processo de lavagem cerebral, tanto no colégio quanto na faculdade. A desonestidade intelectual de algumas instituições e de alguns professores é assustadora. Além disso, o mais agravante é que esse processo é de certa forma chancelado pelo Ministério da Educação (MEC). Assim, resta aos insatisfeitos como eu expor a situação, provocar debates e procurar alternativas, como o homeschooling.
Victoria Jardim, engenheira e associada do IEE.
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