O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve priorizar a manutenção de três programas para a área da Defesa: o do submarino nuclear, o dos caças Gripen e o Sisfron, sistema de monitoramento das fronteiras do País. Além de buscar a despolitização das Forças Armadas, o novo governo procura um civil para ocupar a pasta. Entre as pessoas próximas de Lula há quem defenda os nomes do ex-ministro Nelson Jobim e do vice-presidente Geraldo Alckmin para o cargo.
Os petistas têm consciência de que existem temas espinhosos e esqueletos no armário que o partido não vai mexer no terceiro mandato de Lula. Entre eles, estão as disposições de não criar outra Comissão Nacional da Verdade e não revogar a Lei de Anistia. Mas existem aqueles temas que precisarão ser enfrentados.
O primeiro será a volta aos quartéis dos milhares de militares que ocuparam cargos civis neste governo. E o fim da nomeação de outros tantos da reserva que aparelharam a Esplanada dos Ministérios.
Navio-aeródromo
Marinha e governo, porém, têm um grande abacaxi para resolver: o destino do navio-aeródromo São Paulo. Comprado da França em 2000, ele foi vendido como sucata para uma empresa turca. Mas a Justiça daquele país proibiu que a embarcação fosse desmontada ali em razão do material tóxico que carrega. O São Paulo retornou ao Brasil e está fundeado na costa pernambucana.
A compra do Airbus A-330 seria outro abacaxi. Após o fiasco da logística para levar oxigênio a Manaus na pandemia, a FAB desembolsou US$ 80 milhões para comprar dois deles da Azul. E qual seria o problema? Críticos afirmam que até a Base Aérea do Galeão não teria pátio compatível com a aeronave carregada – ele teria de ir para um pátio civil. Com o dinheiro dos Airbus seria possível adquirir seis Boeings 767.
O problema é que os civis – e aí incluídos os membros da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara – raramente questionam as Forças sobre seus gastos. Mas, como lembrou um tenente-brigadeiro que passou para a reserva no governo Bolsonaro, a diferença muitas vezes entre uma nação desenvolvida e uma subdesenvolvida é a forma como gastam recursos.