Esse cidadão, Rodrigo Janot, ex-procurador-geral da República, não é muito certo da cabeça. Dizem que ele era meio chegado à beberagem. A bebida social, relaxa e descontrai o ambiente. Mas em demasia causa danos irreparáveis ao cérebro, ao fígado, ao corpo inteiro. Terá sido a causa do destrambelho?
O ex-procurador é um homem perigoso. Por pouco não cometeu um assassinato a sangue frio e o País – e o mundo – ainda teriam de assistir, em sequência e estarrecidos, um suicídio ao vivo na televisão. Nem o ficcionista mais criativo imaginaria a cena.
Não é possível que Janot não tenha pensado nesse cenário, e nas suas terríveis consequências, para ele e sua família, o Supremo, o Ministério Público Federal, que ele comandava, os seus pares e colegas, e para o Brasil.
Psicopata de carteirinha, destituído de empatia, de respeito pela vida humana (inclusive a própria, já que ia se matar) e, no caso dele, acima de tudo, de senso de justiça, entretanto, ocupava um dos mais altos cargos da República, e era o chefe de uma instituição proeminente do aparato judicial e do Estado brasileiro.
As razões alegadas pelo ex-procurador eram as mais fúteis. O ministro Gilmar Mendes, do STF, teria revelado que a filha de Janot, era advogada de uma empresa investigada pela Lava-Jato. Nada mais. Não a acusou de nenhum ato irregular ou ilegalidade. Era apenas um fato – verdadeiro, por sinal.
Pois a ofensa que não houve se tornou de tal gravidade que Janot, na plenitude do exercício do seu alto cargo, em parafuso, tomou a resolução de matar o desafeto. E nessa voragem de loucura, planejou fazê-lo em pleno tribunal, a mais alta corte do País. O ato seguinte ao “tiro na cara” de Mendes, seria o suicídio. Chegou a engatilhar o revólver Glock. Mas na última hora foi contido, segundo ele pela mão de Deus.
É o perigo de ter armas à mão. Mesmo Janot, figura central na hierarquia da República, que deveria se conduzir com comedimento, treinado nos embates de que é feita a vida de um procurador, por um triz não causou uma tragédia histórica.
Como sabemos agora, Rodrigo Janot dormia com a arma carregada na cabeceira da cama, decerto atormentado pela paranoia comum a indivíduos da espécie. Outro que dorme com o revólver ao lado da cama é Bolsonaro. É de dar calafrios na espinha.
Janot é aquele procurador-geral da República que assinou um acordo de delação de pai para filho, concedendo aos irmãos Batista, Joesley e Wesley, da JBS, perdão eterno de todos os rolos em que estavam metidos, em troca de gravar o próprio presidente da República, a fim de incriminá-lo. O ex-procurador, provavelmente já tomado de algum grau de demência, havia se imbuído da missão de afastar Temer da presidência a qualquer custo. E usou de todo o seu poder, artimanhas e truques baixos, para alcançar o objetivo. Causou um mal irreparável. Não há país que resista a tal grau de insolência.
Que os moralistas de baixo custo – que infestam as redes sociais –, nada tenham visto de anormal na armação, era de se esperar. Mas a grande mídia, com raras exceções, como o Estadão, deitou e rolou sobre o episódio, crucificando a vítima (Temer) e livrando a cara dos delinquentes.