Prêmio Nobel de Economia em 2024, Daron Acemoglu, professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) afirmou que o tarifaço determinado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode favorecer o dólar no curto prazo, “mas a dor virá no médio prazo”, repetindo uma expressão usada pelo republicano quando determinou as novas taxas.
Segundo ele, “tarifas em aliados vão prejudicar a economia dos EUA por causa das cadeias de produção”.
O professor do MIT afirmou que um grande risco da gestão Trump é estabelecer um “capitalismo de compadres”, com empresas alinhadas ideologicamente ao presidente sendo beneficiadas com medidas do governo e se valorizando na Bolsa. “Alguns países podem viver com capitalismo de compadres por um longo tempo, mas, se você depende de inovação, tudo isso rapidamente será destruído.”
Ele explica que o que pode ocorrer é que regulações e leis não sejam aplicadas igualmente a todas as companhias.
“As empresas que são favorecidas pelo presidente ( Donald Trump) recebem tratamentos e contratos especiais, regulação muito mais leve e apoio do governo. E aqueles que criticam ou lançam uma luz nesta corrupção são processados por um agressivo Departamento de Justiça ou o FBI, o que torna a economia americana essencialmente em um capitalismo de compadres. Alguns países podem viver com capitalismo de compadres por um longo tempo, mas, se você depende de inovação, tudo isto rapidamente será destruído por este tipo de capitalismo de compadres. O potencial de inovação seria sugado e, além disso, as valuations ( valor das empresas) nos mercados de ações ficarão muito distorcidas”, disse.
Acemoglu salienta que não consegue prever o impacto na economia global em 2025.
“Ainda não sabemos a extensão das tarifas. Mas tarifas em aliados vão prejudicar a economia dos EUA por causa das cadeias de produção. Com tarifas a importados do México e do Brasil, estes países poderão sofrer. Os impactos dependerão de quanto eles exportam para os EUA. O México exporta muito, o Brasil nem tanto.”
O professor também argumenta acerca da condução da política monetária pelo Federal Reserve (banco central americano).
“As autoridades do Fed ainda agem como se fossem independentes, mas penso que a sua independência também será desgastada. Ocorrerão ameaças e pressão por Trump para reduzir os juros quando ele considerar que será necessário. Se eles (autoridades do Fed) não derem atenção a isso, haverá muita instabilidade e problemas. Se eles derem atenção a isso, a sua independência estaria perdida”, completou. (Estadão Conteúdo)