Sexta-feira, 17 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 12 de novembro de 2017
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
O rabino Feldman e a fé que move montanhas.
Isaac Asimov, um dos melhores escritores de ficção científica do século XX, é o autor desta deliciosa história:
O rabino Feldman estava tendo muitos problemas com sua congregação; a maioria das pessoas o achava arrogante, intolerante, rigoroso demais com as faltas normais de um ser humano. Desesperados, os fiéis fizeram um apelo ao presidente da associação israelita do estado, que veio até a cidade para resolver o problema.
Depois de escutar todos os participantes da congregação, foi conversar com Feldman:
– Rabino, as coisas não podem continuar assim. Vamos convocar uma assembleia, e resolver as disputas pendentes.
Feldman concordou. Três dias depois, foi convocado um conselho com a presença do presidente, e a de mais dez eruditos em judaísmo. Sentaram-se em torno de uma linda mesa de mogno, e começaram a discutir cada um dos itens em questão; à medida que a reunião avançava, ia ficando cada vez mais claro que o rabino Feldman estava sozinho em suas posições.
Depois de quatro horas de discussão, o presidente disse:
– Penso que já basta; vamos votar, e a maioria decidirá qual o melhor rumo a seguir.
Cada um recebeu um pedaço de papel, votou, e depois de feita a contagem, o presidente tomou de novo a palavra:
– São onze votos contra o senhor, rabino. Teremos que rever definitivamente as posições adotadas.
Feldman levantou-se, demonstrando seu orgulho ferido, e levantando os braços para os céus, disse com voz grave:
– Então vocês pensam que, por causa de uma simples maioria de votos, eu estou errado e o resto está certo? Não, meus senhores, não posso aceitar isso.
“Peço ao Senhor de Israel que mostre sua força, e envie neste momento um sinal, de modo que todos aqui saibam do meu comportamento absolutamente correto!”
No mesmo instante ouviu-se um trovão ensurdecedor. Um raio atingiu a sala, cortando no centro a linda mesa de mogno; todos os que estavam presentes foram atirados ao solo pela força da explosão.
Ouviram-se gritos nas imediações, o lugar ficou cheio de fumaça; quando a poeira começou a baixar, notaram que o rabino Feldman permanecia intocado, erecto, com um sorriso sarcástico nos lábios.
Com muita dificuldade o presidente levantou-se, consertou os óculos que pendiam de uma orelha, ajeitou os cabelos despenteados, arrumou a roupa suja de pó, e disse lentamente:
– Está bem: onze votos contra dois. Mas nós ainda temos a maioria, e as regras serão mudadas.
Chamando Deus para um duelo
Um louco conseguiu reunir sua plateia de sempre, em uma das praças de Isfahan.
– Hoje vou lhes mostrar algo muito importante – disse. – Vocês estão acostumados a escutar que Deus é Todo Poderoso, mas eu sou mais forte que ele.
Virou-se para os céus, e bradou:
– Desça daí, encontre-me esta tarde no deserto, e vamos ver quem ganha um duelo!
Dito isso, partiu para o deserto. As pessoas continuaram na praça até o final do dia; quando o sol começou sumir no horizonte, o louco retornou à praça. Estava com um olho roxo, um galo na cabeça, as roupas todas rasgadas. Furioso, gritava com as pessoas:
– Vocês estão achando que Deus venceu o duelo, não é verdade? Pois vou lhes contar o que aconteceu: Ele não agiu de maneira honesta! Estava com medo de mim,por isso enviou um operário de construção, que ao escutar meus gritos no deserto, agrediu-me de maneira impiedosa para me enfraquecer! Se Deus tivesse vindo sozinho, teria levado uma surra!
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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