Terça-feira, 22 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 15 de junho de 2017
Dez meses após os Jogos Olímpicos do Rio, ainda não é possível afirmar quanto custou a organização do evento – e o valor exato dificilmente será conhecido a curto prazo. Por ora, o montante oficial investido é de 43,17 bilhões de reais, mas não contempla tudo o que foi gasto com os Jogos.
No dossiê de candidatura, apresentada pelo Rio em 2008, a previsão era de que a Olimpíada custasse 28,8 bilhões de reais. O valor atualizado pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) seria hoje de 48 bilhões de reais, acima do que é apresentado publicamente.
Ocorre que muitos dos custos registrados no dossiê, e outros que surgiram ao longo da preparação do Rio para a Olimpíada no Brasil, não constam em nenhum dos orçamentos apresentados até agora – Matriz de Responsabilidades, Plano de Políticas Públicas (legado) e Comitê Rio-2016.
Dentre os gastos no limbo estão aqueles destinados à segurança do Rio, os custos das extintas APO (Autoridade Pública Olímpica) e EOM (Empresa Olímpica Municipal) e até mesmo as isenções fiscais oferecidas pelos governos. “Existem algumas pendências. O Tribunal de Contas da União está com um processo em aberto, analisando a Matriz e a carteira [total] de projetos”, explicou Marlos Lancellotti, representante do tribunal no Rio.
Ontem pela manhã, a Aglo (Autoridade de Governança do Legado Olímpico) apresentou a sexta atualização da Matriz de Responsabilidades, documento que registra apenas os gastos com instalações olímpicas.
Divulgada com dez meses de atraso, a Matriz apontou um aumento de 137,4 milhões de reais com relação à penúltima versão, totalizando 7,23 bilhões de reais.
“A diferença, na sua grande maioria, se refere a despesas de custeio, água e luz. Tínhamos uma previsão e agora temos um número correto dos gastos”, justificou Paulo Márcio Dias Mello, presidente da Aglo.
Em relação à primeira previsão de custos, sem aplicar qualquer índice de inflação, o aumento foi de cerca de 700 milhões de reais, mas a comparação entre os documentos não pode ser considerada porque muitas das obrigações previstas para a Matriz foram retiradas ao longo dos últimos anos, assim como outras foram incluídas.
Com os dados divulgados, os custos totais dos Jogos do Rio haviam chegado a 41,03 bilhões de reais, considerando os 9,2 bilhões de reais consumidos pelo Comitê Rio-2016 e outros 24,6 bilhões de reais que até então eram apontados como o total investido no Plano de Políticas Públicas, que tem a ver com infraestrutura da capital fluminense.
Esses valores, contudo, estavam desatualizados em relação aos últimos números apresentados publicamente. Diferentemente das instalações olímpicas, não há um documento que unifique os custos com infraestrutura dos três entes de governo – e eles aumentaram mais de 2 bilhões de reais nos últimos dois anos, chegando a 26,74 bilhões de reais. Assim, oficialmente os Jogos do Rio custaram (até o momento) 43,17 bilhões de reais.
Verificação
Os valores apresentados estão passando pelo crivo do MPF (Ministério Público Federal) do Rio de Janeiro.
O órgão tem realizado audiências públicas com frequência e promete pedir ressarcimento aos cofres da União caso identifique anormalidades.
Os procuradores também estão atentos às dívidas do Comitê Rio-2016, e asseguram que não permitirão que o rombo apresentado até o momento (cerca de 100 milhões de reais) sejam arcados pelo governo federal. Eles também estão analisando os patrocínios estatais liberados em agosto do ano passado para os Jogos Paralímpicos.