Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 2 de fevereiro de 2024
Os homens foram trazidos ao Estado para trabalhar na colheita da uva em propriedades de São Marcos e região
Foto: MTE/DivulgaçãoDezoito trabalhadores com idades entre 16 e 61 anos foram resgatados de condições análogas à escravidão em uma propriedade rural em São Marcos, na Serra Gaúcha.
A operação, coordenada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, foi realizada na noite de quarta-feira (31) e contou com a participação do Ministério Público do Trabalho gaúcho e da Polícia Rodoviária Federal.
Segundo informações divulgadas na quinta-feira (1°), os trabalhadores resgatados são da província de Misiones, na Argentina. Os homens foram trazidos ao Estado para trabalhar na colheita da uva em propriedades de São Marcos e região. A produção local era comprada por empresas de Santa Catarina e do Paraná e destinada ao consumo in natura e à fabricação de geleias.
O arregimentador das vítimas, também argentino, foi preso em flagrante pelos crimes de redução à condição análoga à de escravo e tráfico de pessoas. O ingresso dos trabalhadores no Brasil ocorreu em Dionísio Cerqueira (SC). Eles foram aliciados mediante falsas propostas de trabalho, moradia e alimentação. Chegando ao Brasil, a remuneração prometida não correspondia ao efetivamente ajustado, assim como a promessa de moradia.
A fiscalização flagrou os trabalhadores vivendo em alojamentos em condições precárias, superlotados, sem camas suficientes, dormindo em colchões no chão, não havendo também o fornecimento de água encanada para banho e necessidades básicas em uma das casas, além de frestas nas paredes e risco de incêndio pela precariedade das instalações elétricas. Os resgatados estavam no local havia cerca de uma semana. Quando os homens foram encontrados, a colheita em propriedades locais já havia sido concluída.
Segundo a procuradora do Ministério Público do Trabalho em Caxias do Sul e coordenadora regional da Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo, Franciele D’Ambros, que acompanhou a força-tarefa, os trabalhadores ingressaram no Brasil em busca de melhores condições de trabalho e de remuneração, diante da grave crise econômica na Argentina.
O resgate faz parte da operação In Vino Veritas, que apura eventuais irregularidades trabalhistas no setor vitivinicultor na Serra Gaúcha. Durante a ação, são inspecionados estabelecimentos rurais e vinícolas da região, que concentra a maior parte da produção nacional de uva e vinhos.