Em meio à maior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul, a Indústria tem se mostrado essencial para o enfrentamento da calamidade e a reestruturação do estado. A data de 25 de maio foi cunhada em homenagem ao setor, que hoje mostra sua força ao trocar as comemorações por iniciativas para auxiliar o povo gaúcho.
Uma ação da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) lançada ainda em março, período anterior às enchentes, já buscava a valorização e motivava o consumo do que é feito em solo gaúcho. O “Produto RS”, com o mote “Juntos somos mais fortes”, foca no fortalecimento da economia, assegurando empregos e gerando renda. “Acho importante que o nosso país conheça e compre os nossos produtos e ajude as indústrias gaúchas, para que consigamos reerguer logo o estado”, declarou o presidente em exercício da Fiergs, Arildo Bennech Oliveira.
A indústria gaúcha também tem notável relevância nacional, ao representar, de acordo com a Fiergs, 6,1% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, movimentando R$ 121,1 bilhões ao ano. O setor estadual também é responsável por 7,7% dos empregos formais e 6,5% das exportações no Brasil, exportando para 160 países.
Em 2021, 68,5% da produção brasileira de tabaco estava concentrada no RS. A indústria gaúcha de couro e calçados, à época, representava 30,5% da produção nacional, enquanto a de móveis correspondia a 21,5% e a de máquinas e equipamentos a 20,2%. O Rio Grande do Sul é o segundo estado com maior concentração de empresas exportadoras do Brasil, com 11,1%. São quase três mil exportadores.
Esforços para minimizar os impactos das enchentes no setor
Diante do momento enfrentado pelo estado, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Fiergs propuseram ao governo federal, em 10 de maio, a adoção de medidas emergenciais e temporárias para a facilitação do comércio exterior e auxílio adicional à população local. Entre elas, a indústria defende acelerar a inspeção de cargas importadas com bens de ajuda humanitária, suprimentos essenciais e produtos perecíveis, como alimentos e medicamentos.
“O Rio Grande do Sul é extremamente importante para o setor industrial brasileiro, dada a relevância e a diversidade do tecido empresarial gaúcho. Precisamos agora olhar tempestivamente, com ações paliativas de curto prazo, como a simplificação de processos aduaneiros que acelerem as operações de apoio, e a longo prazo, com medidas mais estruturantes de fomento ao comércio exterior”, diz o presidente da CNI, Ricardo Alban.
Buscando assegurar as medidas tributárias necessárias para a reconstrução da atividade econômica, dos empregos e das vidas de milhões de pessoas, a Fiergs, a Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-RS), a Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande Sul (Federasul), a Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RS) elaboraram o Programa de Recuperação Econômica e Social do Rio Grande do Sul, batizado de Resgate-RS. Ele engloba sete projetos legislativos, que abrangem as esferas federal, estadual e municipal, e foi entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 15 de maio.
Indústria unida pelo Rio Grande do Sul
Outra iniciativa em estruturação pelo Sebrae, por meio do Conselho de Pequena e Média Indústria (Copemi), é o Plano Emergencial – Revisão de Máquinas e Equipamentos, ferramenta que vai conectar fornecedores de limpeza desses equipamentos com a indústria que necessita do serviço, sejam eles gratuitos ou pagos. Nesse projeto, um dos principais parceiros será o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-RS), que já vem realizando esse trabalho junto a empresas afetadas no estado. “Temos diversas ações a atividades públicas e privadas das nossas instituições, tenho certeza de que juntos vamos superar”, ressalta o coordenador do Copemi e diretor da Fiergs, Marlos Davi Schmidt.
Uma outra ação do Programa Indústria Solidária, do Sistema Fiergs com os Sindicatos Industriais e Conselho Nacional do Sesi, se dedica a oferecer suporte aos trabalhadores das indústrias gaúchas impactadas pelas fortes chuvas de maio. Por meio do Cadastro Indústria Solidária, a iniciativa deve destinar cerca de 50 mil cestas básicas aos trabalhadores da indústria atingidos pelas enchentes.