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Colunistas Diálogos com o mestre VIII – a estratégia

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(Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

(Continuo a transcrever as anotações feitas em  conversas com J., no período  de 1982 a 1990) 

“Bernard Shaw é que está certo”, disse J. “Ele afirmou que as pessoas têm um prazer mórbido de passar todos os dias se queixando das condições em que vivem. Penso como ele: os verdadeiros homens e mulheres são os que procuram as condições ideais, e – se não conseguem encontrá-las – terminam por criá-las.”

“Como se criam as condições necessárias?”

“Um chinês, há milhares de anos, já escreveu sobre isso: respeitando cinco pontos fundamentais. Entretanto, antes de falar destes cinco pontos, é preciso dizer que o ponto de partida é o respeito por si mesmo. Podemos conseguir qualquer coisa, mas não podemos conseguir tudo; então é preciso saber exatamente o que desejamos.”

“Como sabemos o que desejamos?”

“Quando nos sentimos bem ao realizar determinada tarefa. Consequentemente, tudo aquilo que nos faz perder o entusiasmo e o respeito por nós mesmos é nocivo, mesmo que signifique poder, dinheiro, ou sucesso. Já vi muita gente sendo sufocada pelo sucesso, cometendo erros que terminavam destruindo o trabalho de anos, entregando-se a bebedeiras monumentais, tornando-se agressivos, rigorosos, amargos. Essas pessoas estão longe de si mesmas, e longe dos outros.”

“Voltemos ao chinês.”

“O chinês escreveu um livro sobre a guerra, mas os cinco pontos que ele relaciona ali se aplicam a qualquer tarefa realizada pelo ser humano.

O primeiro item: a lei da vontade. Acabamos de falar sobre ela: só devemos fazer aquilo que realmente enche o nosso coração de entusiasmo. Se deixarmos isso de lado, se adiamos o momento de viver aquilo que sonhamos, perdemos a energia necessária para qualquer transformação importante em nossas vidas. Alguém já disse, de maneira muito apropriada: ‘eu não conheço o segredo do sucesso – mas o segredo do fracasso é tentar sempre fazer a vontade dos outros’.

O segundo item: a lei das estações. Assim como uma guerra travada no inverno exige um comportamento e equipamento diferente de uma guerra no verão, o ser humano precisa aprender a respeitar suas próprias estações, não tentando agir no momento de esperar, não tentando esperar no momento de agir. Entretanto, para poder progredir em qualquer coisa, ele precisa dar o primeiro passo – a partir daí, seu ritmo pessoal e sua intuição vão lhe indicar como conservar sua energia.

O terceiro item: a lei da geografia. Uma batalha em um desfiladeiro é diferente de uma travada no campo: da mesma maneira, só consegue condições favoráveis aquela pessoa que presta atenção ao que está acontecendo à sua volta, o espaço que está ocupando, o que tem que fazer para ampliá-lo, onde pode ser encurralada, como pode escapar se precisar recuar um pouco.

O quarto item: a lei dos aliados. Ninguém pode lutar sozinho; são necessários amigos que nos dêem força na hora que precisamos, gente que nos aconselhe sem medo do que vamos pensar. Como diz um poeta, ‘nenhum pássaro pode voar alto se usar apenas suas próprias asas’.

Finalmente, o quinto item: a lei da criatividade. Só existe uma maneira de entender as coisas – é quando tentamos mudá-las. Nem sempre conseguimos, mas terminamos aprendendo, porque buscamos um caminho não percorrido – e o mundo está cheio desses caminhos. O problema é que todos têm muito medo das florestas virgens, dos mares nunca navegados, já que o desconhecido dá a sensação de que podemos nos perder.

Mas ninguém se perde – porque a mão de Deus misericordioso sempre está sobre a cabeça dos homens e mulheres corajosos, que ousam serem diferentes porque acreditam em seus sonhos.”

(continua na próxima semana)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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