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Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

O assunto da semana? Foi o verbete “professora”. Alguém fez a consulta no Google. Ops! A tela mostrou: “prostituta com quem adolescentes se iniciam na vida sexual”. Grupos se mobilizam no WhatsApp. Querem que o site apague a acepção que ofende as mestras. Mas ela está no dicionário.

Internautas emitem opinião. A maior parte dos comentários fala em injustiça, machismo, desconsideração com a classe, contribuição para aumentar o sofrimento das profissionais. Não faltou quem comparasse o feminino com o masculino. Aí, a revolta aumentou. Na definição de professor, não se encontra nenhum significado negativo.

E daí?

O Aurélio, o Houaiss & cia. lexical são machistas? Devem ser condenados por registrar professora como prostituta? Não. O dicionário é inocente. Ele sofre de incurável falta de criatividade. Incapaz de inventar, só anota as acepções que circulam na língua dos falantes. Machista, discriminatória, injusta etc. e tal é a sociedade. O paizão repete o que ouve. É papagaio encadernado.

Mais do mesmo

História semelhante ocorreu há 20 anos. Lúcia Carvalho, então presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal, consultou o verbete mulher, no Aurélio. Encontrou 15 vocábulos sinônimos de meretriz. Entre eles, mulher-dama, mulher da rótula, mulher da rua, mulher da vida, mulher da zona, mulher de amor, mulher do mundo.

E homem? No pai de todos nós, injustamente chamado pai dos burros, só aparecem significados positivos. Ela comparou homem da rua com mulher da rua. Ele é homem do povo. Ela, meretriz. E homem do mundo e mulher do mundo? Ele é homem de sociedade; ela, prostituta. Os protestos da deputada chegaram aos ouvidos de Jô Soares. O Gordo a convidou para o Programa do Jô. Ela foi. O dicionário ficou na estante. Está lá até hoje.

Em queda

Com a inflação sob controle, a Selic deve fechar o ano abaixo de 4%. Oba! Há muito não se recebia notícia tão boa. Quando foi anunciada, pintou a questão: juro ou juros?

Tanto faz. No singular ou plural, o significado se mantém. A concordância acompanha o número: O juro vai baixar mais. Os juros vão baixar mais.

Na boca do povo 1

Coelhos pulam e vivem 8 anos. Cachorros correm e vivem 15. Tartarugas não fazem nada e vivem 150.

Coisa do Congresso

Ufa! A luta foi longa. Durou pelo menos 25 anos. Mas chegou ao fim. Na quarta, o Congresso bateu o ponto final na reforma da Previdência. Mas as novas regras só entrarão em vigor em 19 de novembro.

Nesse dia, a proposta de emenda à Constituição será promulgada. Em português claro: será publicada para conhecimento dos brasileiros. Sem exceção.

Xô, confusão

Propriedade vocabular pega bem como usar cinto de segurança ou dar bom-dia ao entrar no elevador. Convém, por isso, usar a palavra certa na hora certa. Vale o exemplo de promulgar e sancionar. O Congresso promulga a emenda à Constituição. O presidente sanciona a lei, isto é, aprova o projeto para tornar-se lei.

Na boca do povo 2

Embora eu coma carne, minha vida é bem vegana: resolvo pepinos, seguro batatas quentes, descasco abacaxis e ouço um monte de abobrinhas.

Estou fora

Foram meses de bate-bocas. Na quarta, Eduardo Bolsonaro bateu o martelo. “Estou fora”, disse ele. “Desisto da embaixada em Washington.” Vozes se ouviram aqui, ali e acolá. Entre elas, sobressaía esta questão: por que embaixada se escreve com x?

Guarde isto: se, depois de ditongo soar x, o x pede passagem. É o caso de embaixada, caixa, baixa, gueixa, peixe, feixe, deixar, madeixa, paixão, caixão.

Leitor pergunta

Estou confuso. Ora leio debaixo, ora de baixo. As duas grafias existem? Se a resposta for positiva, qual a diferença entre uma e outra? (Carlos Madeira, Guarujá)

Debaixo significa sob: debaixo da mesa, debaixo do tapete, debaixo da cama.

De baixo se usa nos demais casos: Olhou-a de baixo para cima. Comprou roupa de baixo.

 

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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