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Por Redação O Sul | 8 de fevereiro de 2018
Evidências crescentes mostram que a comida que entra no seu prato pode alterar a forma como um possível câncer cresceria e se espalharia pelo corpo, afirmam pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido.
Uma pesquisa com animais, publicada na revista científica Nature, indica que tumores identificados nas mamas sofreram com a falta do nutriente asparagina – encontrado no aspargo e em alimentos ricos em proteína, como carnes, ovos e frutos do mar.
O estudo aponta para melhores resultados no tratamento da doença no futuro, aproveitando os chamados “vícios culinários” do câncer. Mas os resultados ainda precisam ser confirmados em humanos.
“Não recomendamos aos pacientes excluírem totalmente qualquer grupo de alimentos de suas dietas sem falar com seus médicos”, disse Baroness Delyth Morgan, presidente executiva da Breast Cancer Now, instituição que financia pesquisas relacionadas ao câncer de mama no Reino Unido, reforçando que as pessoas não devem adotar dietas radicais na esteira do estudo.
Retardamento
Conduzida no Centro de Pesquisas em Câncer da Universidade de Cambridge, a pesquisa que reforça o poder da alimentação no desenvolvimento de tumores foi realizada com ratos portadores de um tipo agressivo de câncer de mama – o câncer mais comum entre as mulheres no mundo e no Brasil, depois do de pele não melanoma, respondendo por cerca de 28% dos casos novos a cada ano.
Os animais morreriam em algumas semanas, conforme o tumor se espalhasse pelo corpo. Mas quando foram submetidos a uma dieta com baixo teor de asparagina ou a drogas para bloquear esse nutriente, o tumor teve dificuldade para se espalhar.
No ano passado, a Universidade de Glasgow, na Escócia, mostrou que cortar os aminoácidos serina e glicina retardou o desenvolvimento de linfoma e câncer intestinal.
Implicações futuras
Um câncer em estágio inicial raramente mata. É quando ele se espalha pelo corpo – um processo conhecido como metástase – que pode se tornar fatal.
E uma célula cancerígena precisa passar por grandes mudanças para se espalhar. Isso inclui aprender a “romper” o tumor principal, a sobreviver na corrente sanguínea e a se desenvolver em outros partes do corpo. É para esse processo que os cientistas estimam que a asparagina seja necessária.
Mas os amantes de aspargos não devem temer essa conclusão. As descobertas da pesquisa que vieram a público agora ainda precisam ser confirmadas em pessoas e, de qualquer maneira, é difícil evitar a asparagina na dieta.
A longo prazo, os cientistas estimam que os pacientes receberiam bebidas especiais que são nutricionalmente equilibradas, mas que não possuem asparagina.
O professor Charles Swanton, diretor médico do Centro de Pesquisas de Câncer do Reino Unido, observa que “curiosamente, a droga L-asparaginase é usada para tratar leucemia linfoblástica aguda, que é dependente da asparagina”.
Ainda são necessários, porém, novos testes antes de um possível tratamento como esse ser colocado em prática.