Terça-feira, 22 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 26 de agosto de 2017
A diferença salarial entre homens e mulheres pode chegar a quase R$ 1 mil reais no Brasil, de acordo com dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2015, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Naquele ano, o rendimento médio dos trabalhadores brasileiros era de R$ 1.808, mas a média salarial masculina era mais alta (R$ 2.012). Já a feminina chegava a R$ 1.522.
Apesar de a diferença nacional entre os sexos já ser alta (R$ 490), a situação fica ainda mais desigual dependendo da região ou Estado analisados. A maior diferença é encontrada no Distrito Federal. Os homens ganham, em média, R$ 3.965, contra R$ 2.968 das mulheres – uma diferença de R$ 997.
Já o Estado com os valores mais próximos é Roraima: R$ 1.684 para os homens e R$ 1.646 para as mulheres, uma diferença de R$ 38. Em nenhum Estado, porém, o rendimento médio feminino é mais alto do que o masculino.
Segundo Cristiane Soares, pesquisadora da Coordenação de População e Indicadores Sociais do IBGE, questões socioeconômicas devem ser analisadas para entender as diferenças regionais. “Norte e Nordeste têm salários menores e, com isso, a desigualdade é pequena, mas continua sendo desigualdade. Em regiões com salários mais altos e em centros urbanos, que têm maior concentração de empresas, a disparidade aumenta”, diz.
Quanto mais altos os níveis de escolaridade dos trabalhadores, maior é a desigualdade entre os sexos. Independentemente do tempo de estudo, os homens sempre ganham mais, mas essa diferença começa pequena, de menos de R$ 1 por hora, para trabalhadores com até quatro anos de estudo, e cresce até atingir mais de R$ 13 por hora para pessoas com mais de 12 anos de estudo. Em cargos de gerência, por exemplo, os homens ganham, em média, R$ 5.222. Já as mulheres recebem R$ 3.575.
Segundo Cristiane, a desigualdade de gênero é um dos fatores que explicam essa situação, mas não o único. Entender a inserção no mercado de trabalho é importante. Com pouca escolaridade, segundo a pesquisadora, os trabalhadores de ambos os sexos costumam fazer trabalhos braçais, como os de domésticas e de serventes de obra, existindo uma “afinidade” de ocupações. Pessoas com 12 anos ou mais de estudo, porém, formam um grupo mais complexo.
A juíza Ana Cláudia Mendes observa isso no seu trabalho. Ela é concursada e, por ser servidora pública, recebe o mesmo salário do que os colegas magistrados, mas diz que as mulheres são preteridas na escolha para cargos ditos “de confiança”. “No cargo de juiz, a única possibilidade de outras funções seria como assistente de tribunais superiores e, a grande maioria, é, sim, ocupada por homens.”
Segundo a economista e pesquisadora de gênero Tânia Fontenele, coordenadora do Instituto de Pesquisa Aplicada da Mulher, os postos de poder, historicamente, são majoritariamente masculinos. “Homens escolhem homens, e fica esse círculo perverso porque muitas organizações discriminam as mulheres porque elas precisam sair para cuidar dos filhos. A culpa é do pai, é do machismo e também de questões culturais”, diz. (AG)