Quarta-feira, 26 de março de 2025
Por Redação O Sul | 25 de março de 2025
Ex-presidente disse que Zambelli "tirou o mandato" dele.
Foto: ReproduçãoApós o ex-presidente Jair Bolsonaro atribuir a sua derrota eleitoral em 2022 ao episódio que envolveu a aliada Carla Zambelli (PL-SP), quando ela correu atrás de um homem negro com uma arma em punho – “ela tirou meu mandato” -, a deputada federal usou sua conta no X para reagir à declaração.
“Enfrentar o julgamento dos inimigos é até suportável. Difícil é aguentar o julgamento das pessoas que sempre defendi e continuarei defendendo”, escreveu a parlamentar em uma rede social nesta terça-feira (25).
Ao podcast Inteligência Ltda., o ex-presidente afirmou, nessa segunda-feira (24): “Aquela imagem, da forma que foi usada, da Carla Zambelli perseguindo o cara lá. Teve gente que [falou]: ‘O Bolsonaro defende o armamento’. Mesmo quem não votou no Lula [por conta de Zambelli], anulou o voto. A gente perdeu. A gente perdeu. Em São Paulo a gente estava bem [eleitoralmente]. A Carla Zambelli tirou o mandato da gente”.
Ao lado de Bolsonaro estava o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que concordou, afirmando que “a gente estava com 20 pontos em São Paulo [segundo as pesquisas]”.
A deputada é julgada no STF numa ação cuja a pena é de 5 anos e 3 meses de prisão, além da perda do mandato parlamentar, pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal. No entanto, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Nunes Marques pediu vista no julgamento, ou seja, solicitou mais tempo para analisar o processo.
Mesmo com o processo paralisado, Cristiano Zanin e Dias Toffoli votaram antecipadamente, ampliando o placar para 6 a 0 pela condenação da parlamentar, seguindo o voto do relator, Gilmar Mendes. O julgamento ocorre no Plenário Virtual do STF, que formou, nesta terça, maioria para condenar a deputada federal.
Relator da ação, Gilmar Mendes votou para declarar a perda do mandato da parlamentar.
O ministro votou ainda para “cassar definitivamente a autorização de porte de arma de fogo da deputada e enviar a arma apreendida ao Comando do Exército”.
Ele apontou “elevado grau de reprovabilidade” na conduta da deputada, que perseguiu um homem desarmado e de corrente adversária, na véspera da eleição, após troca de insultos recíprocos.
Segundo Mendes, as prerrogativas asseguradas aos deputados correspondem aos deveres de agir rigorosamente dentro dos marcos legais que vinculam a atuação dos agentes públicos.
“As circunstâncias do crime são graves e justificam a ponderação negativa da variável. A acusada adentrou estabelecimento comercial em perseguição ao ofendido, após sacar a arma de fogo, gerando inequívoco perigo concreto aos frequentadores do local, que acentua a reprovabilidade da conduta.”
Para o ministro, “ainda que a vítima tivesse iniciado a discussão e ofendido a honra da ré, a resposta consistente em constrangê-la com uma arma não pode ser considerada legítima. A legislação penal prevê mecanismos específicos para lidar com crimes contra a honra e ameaças e não legitima qualquer forma de retaliação armada”.