Após cancelar, pela primeira vez, pronunciamento em rede nacional para o Dia do Trabalho, a presidenta Dilma Rousseff decidiu também não gravar participação para o programa nacional do PT, que será exibido hoje na televisão.
Segundo o jornal Folha de S. Paulo apurou, o gesto de Dilma irritou petistas, que pressionavam a presidenta a fazer uma fala no programa do partido. A colaboração do ex-presidente Lula inicialmente não estava prevista, mas ele acabou gravando para o programa.
Até domingo, não estava decidido se a peça, que ainda está em edição, incluiria imagens e passagens da mandatária. Esta será a primeira vez que ela deixa de fazer uma gravação dirigida para o programa do PT.
A presidenta decidiu não se expor no 1 de maio porque o Planalto temia a reedição de um panelaço durante sua fala, como ocorreu no dia 8 de março. Dilma foi alvo de manifestações em 12 capitais enquanto discursava por ocasião do Dia Internacional da Mulher. No ano passado, ela e o PT atacaram a oposição durante o programa da legenda em cadeia nacional na TV. Em uma de suas falas, a chefe do Executivo assegurou que combateria a corrupção e que teria “mão firme” no controle da inflação.
Em 2013, a presidenta e o ex-presidente protagonizaram um dueto, intercalando falas. Na peça do partido, Dilma afirmou que o desafio era consolidar o Brasil como País de classe média. Em 2012 e 2011, o Tribunal Superior Eleitoral cassou o tempo de propaganda do PT.
Mal-estar – Nos bastidores, petistas interpretaram a decisão de Dilma como uma tentativa dela de se descolar do PT após a prisão do tesoureiro da legenda, João Vaccari Neto. Ele é suspeito de ter recebido propina de empreiteiras contratadas pela Petrobras no governo Lula. Vaccari foi preso no dia 15 de abril deste ano porque, segundo despacho da prisão, poderia continuar incorrendo em crimes, uma vez que continuava como tesoureiro do partido.
Para o Planalto, assim que a Operação Lava-Jato mencionou Vaccari no esquema investigado, em novembro, o partido deveria ter afastado o tesoureiro do cargo para, desse modo, impossibilitar que houvesse mais desgaste para a legenda.
Argumento – Já interlocutores do governo justificam a ausência de Dilma do programa como uma forma de blindar a chefe do Executivo, “preservando a sua imagem”. Assessores defendem que no momento ela apareça publicamente somente em agendas positivas, como anúncios de obras e projetos federais.
Auxiliares da presidenta afirmam ainda que a reaparição da petista precisa ser “medida” e “analisada” para não ter efeito contrário e agravar a situação do governo em meio a crises econômica e política e os escândalos de corrupção.