Quarta-feira, 23 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 9 de junho de 2015
A presidenta Dilma Rousseff afirmou, em entrevista ao canal francês “TV France 24”, que é “impossível” que se aponte ligação entre ela e o escândalo de corrupção que atuava na Petrobras, revelado pela Operação Lava-Jato. A entrevista, concedida na sexta-feira (5), foi ao ar nesta segunda-feira (8).
A Lava-Jato investiga suspeitas de pagamento de propina a funcionários da estatal, políticos e partidos em troca de contratos com a petroleira. Delatores revelaram à Justiça Federal do Paraná que um grupo de empreiteiras montou um cartel para superfaturar obras da Petrobras. A operação policial culminou na prisão de executivos da estatal e de grandes empreiteiras do País.
Dilma deu a declaração depois de o jornalista francês que a entrevistava questionar se ela estaria apta a assumir as consequências, caso as investigações apontem que ela sabia do esquema que havia se instalado na estatal. Em resposta, a chefe do Executivo afirmou que “lutará até o fim” para mostrar que não fez parte dos ilícitos cometidos na petroleira.
“Eu não estou ligada [ao escândalo]. Eu não respondo a esta questão porque eu não estou ligada. Eu sei que não estou nisso. É impossível. Eu lutarei até o fim para demonstrar que eu não estou ligada. Eu sei o que eu faço. E eu tenho uma história por trás de mim. Neste sentido, eu nunca tive uma única acusação contra mim por qualquer malfeito. Então, não é uma questão de ‘se’. Eu não estou ligada”, afirmou a presidenta com veemência.
A declaração de Dilma ao canal francês faz parte de uma série de entrevistas que ela concedeu na semana passada a veículos de imprensa europeus. Nesta terça-feira (09), a petista embarcará para Bruxelas (Bélgica), onde participará, na quarta-feira e na quinta-feira, da Cúpula União Europeia – Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos), que reunirá líderes de países europeus e do continente americano. A presidenta também falou às TVs Deutsche Welle (Alemanha) e Le Soir Belgique (Bélgica).
Na entrevista à TV France 24, Dilma afirmou também que, na sua opinião, o esquema de corrupção que agia na estatal não pode ser chamado de “escândalo da Petrobras” porque “cinco funcionários” se envolveram nas irregularidades. A mandatária disse também que o escândalo diz respeito a funcionários que se articularam com algumas diretorias e com alguns partidos com a finalidade de “obter benefícios”.
Desde o início do ano, Dilma tem saído em defesa da Petrobras em eventos públicos. Ela, por exemplo, afirmou que a companhia “merece” o fim da corrupção. Na posse do ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, Dilma também comentou o assunto e ressaltou que a “luta” para recuperar a estatal é dela e do atual governo.
“E é muito importante entender que a Petrobras tem mais de 30 mil empregados e tem cinco envolvidos. O escândalo da Petrobras não é escândalo da Petrobras, é escândalo de um determinado funcionário que era diretor na Petrobras”, disse a presidenta na entrevista à emissora de televisão francesa.
Em meio a suas declarações, Dilma defendeu ainda as medidas de ajuste fiscal que o governo propôs para reduzir gastos e reequilibrar as contas da União. Segundo a presidenta, o ajuste “não paralisa” o governo nem impede investimentos federais na área de infraestrutura.
O Executivo federal anunciará nesta terça-feira o novo pacote de concessões em áreas como portos, aeroportos e rodovias. “Quando mudanças são necessárias, temos que ter coragem de fazê-las. É o que estamos fazendo. Estamos fazendo ajustes para voltar a crescer rápido”, destacou a presidenta à TV francesa. (AG)