Segunda-feira, 17 de março de 2025
Por Redação O Sul | 30 de março de 2016
Um dia depois de o PMDB desembarcar do governo de Dilma Rousseff, o lançamento da terceira etapa do Minha Casa, Minha Vida se transformou em ato de defesa do mandato da presidenta. Representantes dos movimentos sociais que lotaram o salão nobre do Palácio do Planalto se revezaram na tribuna para defender a bandeira de que o impeachment é um “golpe” contra a democracia.
Além das palavras de ordem costumeiras contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e a imprensa, o alvo desta vez foi o vice-presidente Michel Temer. “Temer, renuncia”. O vice tem sido acusado de trabalhar a favor do impeachment, para que possa assumir a Presidência no lugar de Dilma. “Não vai ter golpe” é a forma como as pessoas que se revezaram na tribuna encerraram os discursos.
Além dos movimentos sociais, também participaram do anúncio prefeitos e os ministros Jaques Wagner (gabinete pessoal), Nelson Barbosa (Fazenda), Kátia Abreu (Agricultura) e Gilberto Kassab (Cidades).
Durante a cerimônia, a presidenta Dilma Rousseff defendeu o alto volume de subsídios do Minha Casa, Minha Vida no lançamento da terceira etapa do programa. “Dinheiro público não pode resultar em muquifo, tem que resultar em casa boa e de qualidade”, discursou no Palácio do Planalto.
“Nós temos orgulho de subsidiar porque sabemos que a conta do bolso do trabalhador e trabalhadora brasileira, dos quilombolas, dos extrativistas, a conta não fecha se o governo não for capaz de devolver recursos tributários para garantir a melhoria das condições de vida”, afirmou.
Dilma relatou que mesmo diante das “dificuldades públicas e notórias” da economia, o governo optou em não cortar os programas socais porque é preciso enfrentar um “passivo histórico” de “desigualdade imensa” no País.
A presidenta começou o discurso exaltando o Minha Casa, Minha Vida com a afirmação de que só o governo dela e do antecessor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foram capazes de implementar um programa habitacional que garantisse a milhões de brasileiros o sonho da casa própria. “Lançamos o programa para enfrentar a crise em 2009 e de outro pela absoluta consciência que a questão da casa própria era uma das reivindicações mais importantes dos movimentos sociais.”
Impeachment
Enquanto enfrenta um processo de impeachment no Congresso, a presidenta aproveitou o evento para puxar o discurso de que o processo de impedimento sem crime de responsabilidade é golpe. “Nós estamos discutindo impeachment concreto sem crime de responsabilidade e impeachment sem crime de responsabilidade é golpe”, disse a presidenta sendo aclamada pela militância petista presente.
Ela pediu que a constituição de 1988 seja respeitada e destacou que, no presidencialismo, “não existe essa conversa de que, se eu não gosto do governo, então ele cai”. Dilma afirmou ainda que a eleição direta representa a maioria e classificou como má fé dizer que por isso todo impeachment está correto. “Nosso regime é presidencialista e o presidente tem que ser eleito através de eleição direta e livre. Essa eleição tem de representar a maioria do povo brasileiro e isso está previsto na Constituição”, avaliou.
Com o apoio dos presentes e com aplausos, a presidente frisou que não é preciso discutir se pode ou não ter impeachment, mas ressaltou por diversas vezes a necessidade de cumprimento das leis. “Constituição tem que ser honrada e digna e reflete nossas lutas e nessa constituição está previsto que vivemos um regime presidencialista”, destacou. (AE)