O relatório da Polícia Federal que fundamenta a prisão de Walter Braga Netto por obstrução de justiça revela o conteúdo de um depoimento de Mauro Cid em que em que ele diz ter ouvido do general que o dinheiro para financiar um ataque a Alexandre de Moraes, a operação “Copa 2022”, foi dado a ele em uma sacola de vinho pelo general.
Segundo Cid, Braga Netto teria revelado que os recursos para financiar a ação criminosa teriam sido providos pelo “pessoal do agronegócio”. Cid revela que o dinheiro foi entregue numa reunião “no Palácio do Planalto ou da Alvorada”. “O general Braga Netto entregou o dinheiro que havia sido solicitado para a operação. O dinheiro foi entregue numa sacola de vinho. O general Braga Netto afirmou à época que o dinheiro havia sido obtido junto
ao pessoal do agronegócio”, disse Cid.
As revelações do delator ocorreram em um depoimento em que Cid mudou informações que havia prestado sobre Braga Netto e a trama golpista. A postura do delator, diz a PF foi motivada por conversas de Braga Netto com os pais dele, o que resultou na aparente blindagem do general nos depoimentos. O general foi preso nesse sábado (14) no Rio de Janeiro.
“Sob outro aspecto, a mudança substancial nos relatos do colaborador em relação a participação do general Braga Netto nos fatos investigados, notadamente a omissão quanto a atuação do indiciado como principal elo de financiamento do evento “copa 2022″, indica que as ações de obstrução surtiram o efeito pretendido pela organização criminosa, na medida em que retardaram a identificação de fatos relevantes ao contexto investigativo”, diz a PF.
“Assim, todos os elementos de prova identificados pela investigação demonstram a atuação efetiva do indiciado Braga Netto na coordenação das ações clandestinas que visavam prender/executar o ministro Alexandre de Moraes e nas ações contra os candidatos eleitos na eleição de 2022″, segue a PF.
Sem reação
Segundo um investigador, o general da reserva não emitiu nenhuma reação ao ser preso e se limitou a seguir os passos indicados pelos investigadores que cumpriam a ordem. Além da ordem de prisão, os investigadores realizaram buscas em endereços de Braga Netto e do auxiliar dele, coronel Peregrino. Ele está proibido de manter contato com outros investigados.
Braga Netto vai ficar preso no Comando Militar do Leste, no Rio. A decisão de Moraes ainda segue em sigilo, mas a PF, em nota, confirmou que a prisão foi decretada por obstrução de Justiça. As informações são da coluna Radar, da Revista Veja.