Parte da propina do esquema de corrupção da Petrobras circulava dentro da estatal em envelopes pardos. O ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco afirmou na quarta-feira à Justiça Federal que entre o fim de 2004 e o início de 2005 começou a entregar os pacotes semanalmente para seu chefe, o ex-diretor da área Renato Duque. O sistema, porém, tinha um problema: em cada envelope cabiam somente 60 mil reais, e os repasses irregulares feitos pelas empreiteiras eram muito maiores que isso. Barusco afirma que teve, então, que transferir de uma só vez 12 milhões de dólares a Duque no fim de 2012 para quitar os débitos.
O ex-gerente da Petrobras foi interrogado como réu em um processo da Lava-Jato em que são investigados apenas contratos da Andrade Gutierrez com a estatal. Delator, Barusco foi denunciado em outras quatro ações penais; em uma delas foi condenado a 20 anos de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Ele contou ao juiz federal Sérgio Moro que recebia propina da Andrade em contas que mantinha no exterior e a repassava para Duque. No início, enquanto o ex-diretor não abrira contas para movimentar o dinheiro, os repasses eram feitos em espécie.
Barusco relatou que o modelo causou um “desequilíbrio”, pois Duque tinha “direito a volume grande” de propina, mas ele conseguia dar “vazão de forma pequena”. Com o tempo, seu chefe abriu contas para que os repasses pudessem ser maiores. Ele não deixou claro por quanto tempo utilizou os envelopes pardos. O delator fazia a contabilidade dos repasses que recebia das empreiteiras e de quanto deveria encaminhar para Duque. No fim de 2012 ainda havia um débito de 12 milhões de dólares com seu superior. (AG)