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Diplomatas americanos optam por apoio “comedido” à agenda brasileira no G20

Taxação de super-ricos, financiamento climático e reforma da governança global são alguns dos temas em que há suporte com "ressalvas". (Foto: Reprodução)

Os negociadores americanos que participam do G20 no Rio de Janeiro sinalizam apoio “comedido” a pautas centrais para a agenda da presidência brasileira, como a taxação de super-ricos, a reforma da governança global e o financiamento climático.

Os diplomatas americanos destacam que, em linhas gerais, o país apoia todas as três prioridades do Brasil no G20: combater a pobreza, as mudanças climáticas e melhorar a governança global. Em aceno à primeira, o país aderiu à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, criada pelo Brasil.

Sob reserva, os negociadores indicam que o suporte às demais frentes está acompanhado de ressalvas. Para o financiamento da transição climática, por exemplo, não aderem à perspectiva brasileira de que os países mais ricos são totalmente responsáveis por pagar esta conta e defendem “mais conversas”.

A responsabilidade pelo financiamento climático tem sido um dos principais debates entre os sherpas no G20. Enquanto os países mais pobres estão alinhados à posição brasileira, os ricos querem que o chamado “Sul Global” também contribua com dinheiro.

Em relação à reforma da governança global, os EUA chegaram a assinar declaração do G20 Brasil que pede a modernização das principais organizações internacionais, como as Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial do Comércio (OMC) – mesmo que de maneira genérica e sem ações detalhadas.

Os americanos sinalizam concordar que o chamado Sul Global merece mais espaço nos mecanismos de governança global. A defesa, porém, é de que essas mudanças sejam graduais: “Impossível fazer em um dia”, disse um diplomata à CNN.

A posição é semelhante para a pauta de taxação de super-ricos. Os EUA assinaram uma declaração ministerial do G20 Brasil sobre a necessidade de garantir a efetiva tributação dos super-ricos e um sistema de impostos global mais progressivo.

Este suporte também não sairá das bases genéricas neste momento. Isso porque a sinalização a medidas mais específicas de tributação de super-ricos poderiam – segundo estes quadros – gerar a sensação de que a diplomacia americana está “invadindo” prerrogativas de seus legisladores.

Efeito Trump

Estes diplomatas dos Estados Unidos minimizam hipotéticos prejuízos que a administração Trump poderia levar ao multilateralismo, e especialmente à dinâmica do grupo que reúne as maiores economias do mundo.

Os negociadores evitam fazer previsões sobre as decisões de Trump para a agenda global, mas destacam que, discurso à parte, o multilateralismo — incluindo as estruturas do G20 — sobreviveu sem maiores prejuízos ao primeiro mandato do republicano.

Estes representantes destacam inclusive que os Estados Unidos presidirão o G20 em 2026, o que configuraria uma oportunidade para o país em diversos aspectos.

Donald Trump tem ressalvas ao que é central na agenda do G20 nos últimos anos, como combate às mudanças climáticas e à desigualdade a nível global. Segundo estas fontes, contudo, a posição da diplomacia americana neste momento é semelhante à da brasileira: a ordem é não especular prejuízos.

Já sobre a relação bilateral, enquanto Trump e Lula aparecem em lados opostos do espectro ideológico, os diplomatas reforçam que, divergências à parte, “algumas coisas não serão mudadas”, como a firmeza dos laços comerciais. Se consideradas trocas de bens, serviços e investimentos, os EUA são o principal parceiro comercial do Brasil.

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