Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Ali Klemt | 17 de novembro de 2024
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Direita sem vergonha? Calma que eu explico – e não é nada disso que você está pensando. As manchetes são sensacionalistas mesmo.
Primeiro, vamos partir do princípio de que há uma enorme dificuldade na conceituação teórica das posições “direita” e “esquerda”. Na verdade, há uma origem histórica que remonta ao lado onde representantes se colocavam nas assembleias da Revolução Francesa. Isso acabou identificando os de “direita” como conservadores interessados em manter o “status quo”, e os de “esquerda” como revolucionários que queriam limitar os poderes do Rei. Lendo assim, os de direita são os “malzões”, né?
Porém, 235 anos depois e passados tantos, mas tantos conflitos nesse mundo – pense em TODAS as guerras que ocorreram no período, o que inclui as duas grandes mundiais, além da revolução russa que, quanto a esse tema específico, impacta diretamente na nossa compreensão do tema – muita coisa mudou.
No Brasil, assim como na maior parte da América Latina, tornou-se senso comum a ideia de que as ditaduras estabelecidas entre os anos 60 e 70 decorreram de grupos conservadores de direita – logo, a ideia de autoritarismo está vinculada, diretamente, a esse segmento, bem como ao Exército. É a nossa memória mais recente, e é natural que provoque arrepios.
Em contrapartida, a resistência brasileira – jovem, repleta de ideais de liberdade e igualdade – se alinhou ao lado oposto: a esquerda. O que, teoricamente, é muito poético. Na realidade, porém, o que se buscava eram os mais elementares direitos humanos: à vida e à liberdade. Aliás, vejam: estavam defendendo “direitos humanos” – e, assim, a esquerda se apropriou da defesa de algo que deve ser defendido por todos, independentemente de qualquer política, partido ou regime.
Ficou feio ser de direita no Brasil. Por anos, desde a abertura política, tudo o que evocava ideias militares e ordem imposta se confundiu com a ditadura. E ninguém queria ser identificado com esse período de repressão, certo?
Ocorre que, no meio disso tudo, existem muitas outras nuances. Dentre elas, a econômica e a jurídica. Não bastasse isso, vivemos nesse caldeirão cultural que é o Brasil, um país onde a cultura do “jeitinho” e do “se dar bem a qualquer custo” ainda predominam. A esquerda foi estraçalhada pela ambição e corrupção de alguns de seus representantes. Não bastasse a roubalheira generalizada, perdeu-se a oportunidade de fazer do Brasil uma enorme potência. Somos um país onde a imensa maioria é pobre, onde falta estrutura básica e onde o crime organizado predomina. Nada menos “humano” do que isso…
Mas a verdade sempre vem à tona e, felizmente, a oposição ressurgiu. Aos poucos – e, preponderantemente, com as eleições de 2018 – aqueles que não concordavam com o que vinha acontecendo abraçaram o verde e amarelo da nossa bandeira para reivindicar o reequilíbrio do poder.
O processo é lento, mas está acontecendo – o que é ótimo. Afinal, vivemos em uma democracia, onde todos têm voz (ou deveriam ter). Porém, é preciso acelerar o processo e fazer com que todos entendam que ESTÁ TUDO BEM ser oposição. Está tudo bem ser o “revolucionário” da vez. Está tudo bem ser de direita.
Assim como nas revoluções de todos os tempos, quem questiona o “status quo” é fora da lei. Não pode ser assim. E, por isso, é preciso que todos os brasileiros que se identificam com a direita “saiam do armário “.
Nós, que temos voz, botamos a cara a tapa e ganhamos aplausos. Mas é preciso mais do que isso. É preciso um orgulho genuíno e diário de estar se posicionando pela coisa certa ser feita. Os silenciosos precisam agir!
Seja qual for o seu lado. A sua ideologia. Que bom que podemos falar. A liberdade de expressão é suprema. E, se for o seu caso, seja de direita sem vergonha.
Instagram: @ali.klemt
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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