Sexta-feira, 22 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 18 de janeiro de 2023
A prisão do anestesista Andres Eduardo Oñate Carrillo, no Rio de Janeiro, acusado de estuprar pacientes sedadas, ligou o sinal de alerta para uma família que pode ter sido vítima do médico, também investigado por armazenar milhares de vídeos e fotos de pornografia infantil. Na terça-feira (17), o pai de uma menina procurou a Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (Dcav) para relatar a suspeita de uma situação abominável: durante um atendimento este ano, o médico teria “exigido” ficar a sós com a criança algumas vezes no quarto de um hospital. Ele justificou o pedido como sendo algo “necessário para o procedimento”. O procedimento, no entanto, não é normal na avaliação da Sociedade Brasileira de Anestesiologia.
Jedson Nascimento, diretor de Defesa Profissional da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA), explicou que um paciente vulnerável, que não responde por si juridicamente, como é o caso de crianças, precisa ter o atendimento acompanhado todo o tempo por um responsável:
“Não é um procedimento normal (pedir para ficar sozinho com o paciente). Crianças e outros grupos vulneráveis precisam de um responsável. São normas jurídicas. Eles têm que estar 100% do tempo ao lado de alguém porque não têm condições de responder juridicamente. Normalmente, em uma sala de cirurgia, existe pelo menos o cirurgião, o auxiliar, o técnico de enfermagem, a enfermeira e o anestesista. É inimaginável o profissional ficar sozinho. Na pior das hipóteses, ao menos um desses profissionais o está acompanhando”, afirma Nascimento.
A juíza Mariana Tavares Shu decidiu na terça-feira manter o médico na cadeia, ao analisar a legalidade do mandado expedido. Durante a audiência de custódia, a defesa de Andres pediu a transferência do cliente para “um local que possa garantir sua segurança, haja vista a repercussão do caso”. Por isso, ele permanecerá na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, em cela individual. Durante a sessão, o preso relatou ter tido as algemas muito apertadas, o que resultou em marcas nos braços. Como não tinha dito isso anteriormente, ele passou por novo exame no Instituto Médico-Legal, que não identificou qualquer lesão.
Andres foi preso na segunda-feira em sua casa na Barra da Tijuca, sob a acusação de ter estuprado duas mulheres sedadas na sala de cirurgia. Ele é o segundo anestesista a ir para a cadeia pelo mesmo crime. Em julho do ano passado, Giovanni Quintella foi flagrado abusando de uma mulher em trabalho de parto. O novo caso fez a SBA divulgar um comunicado repudiando a conduta do profissional. De acordo com a entidade, o colombiano não tem título de anestesista, o que não o impede de atuar na área.
“Qualquer médico pode fazer qualquer procedimento desde que se responsabilize por ele, mas não pode divulgar que é especialista. Obviamente é de grande responsabilidade do contratante ter um profissional sem registro de qualificação de especialista”, explica Nascimento. As informações são do jornal O Globo.