O Diretor de Avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Flávio Camargo, pediu exoneração do cargo na última terça-feira (14). Em uma carta enviada à presidência do órgão, Camargo afirmou que não se sente mais “confortável” na função e pediu sua exoneração em caráter irrevogável.
Camargo é professor titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e deve voltar para suas funções. A demissão foi noticiada pelo jornal Folha de S.Paulo e confirmada pelo jornal O Globo. A exoneração ainda não foi publicada no Diário Oficial da União.
O caso ocorre após a saída de 114 pesquisadores que atuavam na avaliação quadrienal feita pela Capes nas áreas de Física, Matemática, Química e Engenharias. O pedido de renúncia em massa feito por coordenadores e cientistas que atuavam como consultores do processo avaliativo foi revelado recentemente. Camargo era o responsável pela área onde se instalou a crise.
Na carta enviada à presidente da instituição, Cláudia Toledo, o diretor agradece a oportunidade de ter chefiado a diretoria e expressa sua motivação para deixar o cargo.
“Venho tentando sustentar os motivos que me trouxeram pensando única e exclusivamente na avaliação do SNPG (Sistema Nacional de Pós-graduação) e na manutenção da missão da Capes. Infelizmente não me sinto mais confortável na posição e sinto que não será benéfica para o SNPG a minha permanência neste cargo. Deste modo, estou pedindo em caráter irrevogável, a minha exoneração”, diz o texto ao qual a reportagem teve acesso.
Na manhã desta quarta-feira (15), a presidência da Capes realizou uma reunião com os outros cinco diretores da instituição para discutir sobre um novo nome para a Diretoria de Avaliação. A instituição também determinou a substituição dos quatro coordenadores que deixaram seus cargos nas últimas semanas. Inicialmente, a presidente do órgão, Cláudia Toledo, tentou reverter as renúncias, mas não obteve sucesso.
Em nota, a presidência da Capes agradeceu o trabalho de Camargo e estimou melhoras à saúde do coordenador. Em sua carta de demissão, no entanto, Camargo não menciona questões de saúde. Em mensagem encaminhada para membros do Conselho Técnico-Científico da Educação Superior (CTC) da Capes, Camargo reitera os termos de sua carta à presidência e finaliza com a frase “Minha saúde está 100%”.
“Para a segurança da academia e a estabilidade de todo sistema, indicarei com muita cautela o nome de um ou uma grande cientista, a fim de que a academia se sinta muito segura na condução do processo de avaliação, que é meta inarredável da minha presidência”, disse a presidente da Capes no comunicado.
A suspensão da avaliação quadrienal, determinada pela Justiça em setembro, foi um dos principais motivos citados pelos mais de cem pesquisadores para deixar a instituição. Segundo eles, a presidência do órgão não se empenhou para retomar o processo.
A avaliação é responsável por conceder notas para mestrados e doutorados em todo país. Dias após a debandada dos pesquisadores, a Justiça atendeu a um recurso movido pela Advocacia-Geral da União e permitiu a retomada da avaliação, proibindo, no entanto, a divulgação dos resultados.