Sexta-feira, 15 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 23 de agosto de 2024
O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, rechaçou a interpretação de que suas falas recentes colocaram instituição “no corner”, mas repetiu que o Comitê de Política Monetária (Copom) “não hesitará” em aumentar a taxa básica de juros (Selic) se for necessário.
“Na minha interpretação, posição difícil para o BC não é ter de subir juros. Posição difícil é inflação fora da meta, que é uma situação desconfortável. Subir juros é uma situação cotidiana para quem está no BC”, afirmou ele na quinta-feira (22), durante um evento promovido pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
Nas últimas semanas, o mercado interpretou as declarações feitas por Galípolo como uma indicação de que o Copom, que voltará a se reunir em setembro, vai elevar a Selic – hoje, em 10,5%. Essa leitura foi “precificada” nas operações do mercado futuro de juros. As declarações repercutiram ainda mais porque Galípolo é visto no mercado como o nome mais forte para substituir Roberto Campos Neto no comando do BC.
O diretor do BC frisou que suas falas sobre política monetária não iriam além do que já foi escrito na ata da última reunião do Copom (em julho) e que não representariam um “guidance” (sinalização).
“Reafirmo todas as minhas falas dos últimos dias. Não há nenhuma modulação nas minhas falas”, afirmou Galípolo. “Dizer que balanço de risco está assimétrico não quer dizer que estabelecemos um ‘guidance’.”
Galípolo voltou a usar a analogia de que o BC é como “aquela pessoa chata que, no melhor da festa, pede para baixar o som e cortar as bebidas”, enfatizando que uma eventual disposição de aumentar o juro básico será guiada por critérios técnicos. Ele acrescentou que a projeção do BC de inflação de 3,2% no horizonte de 18 meses está, sim, acima da meta e que o crescimento da economia tem surpreendido.
A meta de inflação perseguida pelo BC é de 3%, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), com margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual para cima ou para baixo.
“Não estamos torcendo para a economia parar de crescer, mas esperamos que desacelere. O crescimento tem nos surpreendido, e o BC é o chato da festa que baixa o som e corta a bebida”, disse ele, lembrando que as comunicações da autarquia tem indicado também que o Copom continuará na dependência de dados para tomar suas decisões.
Câmbio
Galípolo também participou de evento na Fundação Getulio Vargas em São Paulo, onde disse que o BC chegou “muito próximo” de intervir no mercado de câmbio durante o período mais agudo de desvalorização do real, mas acabou optando por não fazê-lo.
“Vários diretores, inclusive eu e o presidente Roberto Campos (Neto), dissemos que só atuamos em função de alguma disfuncionalidade no mercado de câmbio, porque nós não perseguimos nenhum nível, nem patamar, de câmbio”, afirmou ele. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.