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Política Diretor-geral da Polícia Federal durante o governo Bolsonaro depõe em inquérito sobre interferência da Polícia Rodoviária Federal nas eleições

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Ex-diretor-geral da Polícia Federal, Márcio Nunes prestou depoimento na última quinta (11). (Foto: Tom Costa/MJSP)

Em depoimento realizado na última quinta-feira (11), no inquérito sigiloso que apura a suspeita de que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) agiu para dificultar o acesso de eleitores às urnas – especialmente no segundo turno, no Nordeste –, o ex-diretor-geral da Polícia Federal (PF) Márcio Nunes disse que ele e Anderson Torres, ex-ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro, foram à Bahia para visitar obras e teriam aproveitado a viagem para conversar sobre a estrutura de policiamento no segundo turno.

Esse foi o mesmo argumento usado por Torres em seu depoimento. No entanto, as alegações de Nunes – assim como as de Torres – não convenceram os investigadores, que enxergam conflitos e contradições com as circunstâncias que de fato ocorreram.

Um dos motivos é que, de acordo com os três delegados que integravam a cúpula da PF na Bahia à época, a motivação da visita de Torres e Nunes foi política. Não era esperada, foi de última hora e pegou a todos de surpresa.

A reunião aconteceu na terça-feira, 25 de outubro, por volta das 11h. Durou meia hora. Segundo os delegados presentes, Anderson abriu a conversa dizendo que estava preocupado com crimes eleitorais, especialmente compra de votos, porque teve notícias de compra de voto na Bahia no primeiro turno. E que seria importante a PF reforçar a presença nas ruas com 100% do efetivo, se possível. E sugeriu atuação conjunta com a PRF.

Depois do encontro, recebido com desconfiança pelos delegados presentes, eles saíram para almoçar. O almoço atrasou e quase que não dá tempo de visitar a obra da reforma da sede da PF. Ou seja, para a cúpula da PF na Bahia, o escopo da viagem nunca foi visitar a reforma do prédio da corporação. A tônica da visita foi eleições.

Os investigadores vão ouvir agora os três delegados que cuidavam da PF na Bahia:

  • Ex-superintendente Regional, Leandro Almada;
  • Ex-Delegado Regional Executivo, Flavio Albergaria;
  • Ex-Delegado de Combate ao Crime Organizado, Marcelo Werner.

Atualmente, Almada é superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro, Albergaria ocupa este mesmo cargo na PF da Bahia e Werner é secretário de Segurança Pública do Estado.

 

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