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Dirigente do PT defende indicados de Lula mesmo após o Banco Central não aceitar pressão do presidente da República e manter a taxa de juros

Jilmar Tatto, do PT, disse que em algumas cidades a ideia é adotar a neutralidade visando um acordo para as disputas de 2026. (Foto: Reprodução)

Integrante da Executiva Nacional do PT, o deputado federal Jilmar Tatto (SP) saiu em defesa dos diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Banco Central, que — apesar da pressão do governo e do PT — votaram para manter a taxa Selic em 10,5%. A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) foi unânime. Para Tatto, trata-se de uma estratégia para a transição.

“É uma tática para fazer a transição para a saída [de Roberto Campos Neto do BC], para ter uma transição segura, tranquila, normal. Foi nesse sentido”, avaliou o secretário de Comunicação do PT à Coluna do Estadão. Junto a toda a bancada na Câmara, Jilmar Tatto subscreveu a ação popular articulada pela presidente do partido, Gleisi Hoffmann, contra Campos Neto.

Com voto do diretor Gabriel Galípolo (Política Monetária), considerado favorito de Lula para comandar o BC, o Copom confirmou as expectativas e interrompeu o ciclo de queda de juros. Até dentro do PT previa-se esse placar de 9 a 0.

A avaliação na legenda é que Campos Neto forçou uma unidade nesta reunião após rachar o colegiado do Banco Central em maio, quando os indicados de Lula se opuseram a diretores mais antigos sobre o ritmo de relaxamento monetário.

Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou nessa quinta-feira (20), a decisão do Copom de encerrar o ciclo de afrouxamento monetário e manter a taxa Selic em 10,5% ao ano, afirmando que o povo brasileiro é quem mais perde com a decisão.

“Foi uma pena que o Copom manteve, porque quem está perdendo com isso é o Brasil, é o povo brasileiro. Quanto mais a gente pagar de juros, menos dinheiro a gente tem para investir aqui dentro”, disse Lula em entrevista à rádio Verdinha, em Fortaleza.

Ele afirmou que o presidente da República não se mete nas decisões do Copom, mas questionou a autonomia da autoridade monetária, acusando-a de servir aos interesses do mercado financeiro.

Lula argumentou que a manutenção da Selic eleva as despesas do governo com o pagamento de juros de dívidas da União, o que, segundo ele, deveria ser discutido quando se levanta a possibilidade de revisão de gastos para ajustar as contas públicas brasileiras.

“Toda vez que a gente fica discutindo corte, a imprensa fala que aumentar o salário mínimo é gasto. Por que não transforma em gasto a taxa de juros que nós pagamos?”, questionou, acrescentando que também fica “nervoso” com o pagamento de dividendos para acionistas minoritários da Petrobras.

O presidente explicou que seu governo desejar realizar gastos com qualidade e para fins necessários. Ele afirmou, no entanto, que o custo de não investir em algumas áreas prioritárias pode ser ainda maior do que as despesas ao se optar pelo investimento.

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