Sábado, 11 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 3 de novembro de 2021
Nome decisivo na música instrumental produzida no Rio Grande do Sul, o pianista, compositor, arranjador e produtor porto-alegrense Geraldo Flach (1945-2011) é celebrado com o disco-tributo “Flachianas”, com dez peças executadas pelo Cristian Sperandir Grupo e convidados. O álbum já está em pré-venda nos formatos digital e CD, por meio do site geraldoflach.com.br.
“Colega” de instrumento e também compositor, arranjador e produtor, Sperandir é um estudioso da obra do homenageado. Ele dá o seu toque a dez peças, escoltado por Antonio Flores (guitarra/violão), Bruno Coelho (percussão), Caio Maurente (contrabaixo) e Sandro Bonato (bateria).
“É uma imensa responsabilidade tocar a obra desse grande artista, ainda mais tentando empregar nossa própria identidade sem perder a raiz e toda a beleza do original”, ressalta. E a missão é cumprida da melhor forma possível, valorizada inclusive pela ótima qualidade sonora das gravações.
O disco conta, ainda, com participações especiais: a instrumental “Rancheirinha” ganhou letra composta por Jerônimo Jardim e voz da cantora Shana Muller (o disco traz as duas versões), ao passo que Paola Kirst canta “Novo Rumo” (gravada originalmente por Elis Regina) e o guitarrista Lorenzo Flach – neto de Geraldo – coloca seu sentimento em “Reencontro”.
“Cão Vadio”, “Choro por Julio”, “Piano Azul”, “Voo da Águia”, “Choro da Alma” e “Baiãozinho” também estão no álbum, que conta com o apoio da associação Amigos da Sala Jazz Geraldo Flach. São faixas extraídas de uma discografia premiada e que abrange dez títulos solo entre 1981 e 2011 (sem contar os registros fonográficos como jovem tecladista de conjuntos de baile na década de 1960). Boa parte dessa produção, levada aos palcos do País e do mundo, já pode ser conferida nas plataformas digitais.
Manter viva essas criações é uma das propostas da produtora cultural Ângela Flach, viúva do artista. Segundo ela, o projeto “Flachianas” amplia a memória musical do pianista para novos espaços e públicos: “É uma iniciativa de extrema importância para que a música de Geraldo chegue também a pessoas que não conhecem o trabalho dele”.
Documentário e songbook
O disco faz parte do ciclo de homenagens do selo “Tributo a Geraldo Flach”, que marca uma década sem o artista – falecido de câncer aos 65 anos, em janeiro de 2011 – e inclui songbook e documentário em longa-metragem, ambos em fase de desenvolvimento. Vale mencionar que o músico foi também diretor da célebre gravadora porto-alegrense Isaec e um dos cabeças da produtora de áudio Plug, com forte presença no mercado publicitário.
“Ele tem um papel importantíssimo como vetor de uma cena musical no Sul do Brasil”, corrobora o cineasta Rene Goya Filho, diretor do audiovisual. “Estamos agora em um processo de pesquisa no extenso material de arquivo que temos à disposição, com imagens de várias épocas.”
Geraldo deixou diversas partituras, preservadas por Ângela Flach e catalogadas pelo arquivista e também músico Luiz Martins. “Selecionar esse material e transformá-lo em fonte de pesquisa e novas criações é o objetivo, então o songbook possibilitará essa circulação”, ressalta a viúva. “Não podemos permitir que a arte fique presa a uma gaveta. Papel parado só alimenta traças.”
(Marcello Campos)
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