O discurso de Lula a petistas, em Salvador, desagradou líderes de siglas de esquerda que pretendiam buscar o apoio do PT nas eleições municipais do ano que vem. O ex-presidente reafirmou a tese de que seu partido não deve ser coadjuvante.
Carlos Siqueira, dirigente do PSB, disse discordar e lamentar o que chamou de “visão exclusivamente partidária”, num momento que avalia ser de anormalidade democrática. “Isso, ao contrário, exige a formação de uma frente para além da esquerda”, afirma.
Temer sobre Lula
O ex-presidente Michel Temer também avaliou a fala do petista. Neste sábado (16), ele disse que o governo do presidente Jair Bolsonaro está indo bem e lamentou a postura do ex-presidente Lula ao deixar a prisão incentivando um clima de “polarização” no país. Há quase um ano fora da Presidência da República, Temer participou nesta tarde de uma sabatina no congresso nacional do Movimento Brasil Livre (MBL) em São Paulo.
“Ele (Bolsonaro) está indo bem, fazendo o que os anteriores não fizeram. É costume (quem assume) destruir tudo o que não fez, mas ele está dando sequência ao que fiz. O governo vai bem. Precisa dar mais tempo ao governo Bolsonaro”, afirmou Temer ao ser perguntado sobre que avaliação faria do novo governo.
Para o ex-presidente, Bolsonaro, apesar de discursos polêmicos, tem adotado “recuos” no exercício do governo, o que Temer destacou como um ponto positivo. Ele mencionou a aproximação com a China e países árabes nas relações diplomáticas ao comentar o assunto.
Já em relação a Lula, Temer disse lamentar o comportamento do petista:
“Lula faria muito bem se, ao deixar a prisão, pedisse a unidade do país. Mas o que ele fez, lamentavelmente, foi incentivar a radicalização. A polarização é prejudicial ao país.” Temer disse criticar Lula porque tem esperança de que o petista reavalie sua posição.
“Se o Lula recuar eu terei cumprido meu papel. Não é nada a favor ou contra Lula”, ponderou.
No caso da intenção de Bolsonaro de criar um novo partido, Temer avaliou como um movimento equivocado: “Não acho útil criar um novo partido”.
Temer foi preso temporariamente este ano no âmbito da Lava-Jato. Ele voltou a criticar a prisão e se referiu a ela mais de uma vez como “sequestro”.
O ex-presidente ainda considerou acertada a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) contra a prisão em segunda instância.